São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Comandante da PM na zona norte é morto com 6 tiros

José Hermínio Rodrigues, 48, foi assassinado ontem por um motoqueiro

A investigação iniciada pela Polícia Civil aponta para uma emboscada, mas ainda não se sabe a causa; possível vingança é apurada

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Policiais no local onde o comandante foi morto, no Mandaqui


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante da Polícia Militar na zona norte de São Paulo, coronel José Hermínio Rodrigues, 48, foi assassinado com pelo menos seis tiros ontem pela manhã, alguns deles disparados à queima-roupa.
Informações iniciais sobre as circunstâncias do crime apontam que o oficial foi vítima de uma emboscada. O motivo do assassinato, no entanto, ainda não foi esclarecido.
Em traje esportivo, de férias havia uma semana, o coronel trafegava de bicicleta pela av. Engenheiro Caetano Álvares, no Mandaqui (zona norte), como fazia habitualmente, quando foi surpreendido, às 10h50 de ontem, por um motoqueiro armado com uma pistola 380.
Os tiros atingiram a cabeça e o tórax do oficial, que foi socorrido, mas morreu no hospital. Nada foi levado. O motoqueiro fugiu. Segundo uma testemunha, ele usava coturnos, calçados usados por PMs.
A PM chegou a divulgar que o coronel, que está há cerca de 30 anos na corporação e comanda cerca de 2.500 policiais na região norte, tinha sido vítima de tentativa de roubo.
Mas a investigação iniciada pela Polícia Civil aponta para uma emboscada. Segundo testemunhas, um homem vestido de preto desceu da moto, mas deixou o motor ligado.
O criminoso esperou até que o coronel se aproximasse de bicicleta e passou a atirar. Fez pelo menos oito disparos. O coronel caiu no meio da avenida. Cápsulas foram encontradas no local. O motoqueiro não tirou o capacete, o que está dificultando a sua identificação pela polícia paulista.
O delegado Marcos Carneiro Lima, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse desconhecer se o coronel era alvo de ameaças de morte. Mas afirmou que, entre as linhas de investigação, a polícia também apura possível vingança de seus subordinados (leia texto nesta página).
Separado e pai de um garoto de oito anos, o coronel assumiu o comando do policiamento da região norte de São Paulo há um ano. Antes disso, ele desempenhava funções administrativas sem contato direto com o policiamento ostensivo.
Ele chefiava, até dezembro de 2006, o Centro de Suprimento e Manutenção de Telecomunicações da PM (unidade que gerencia dados referentes às ligações telefônicas recebidas pela corporação).
"É prematuro dizer qual foi a motivação do crime. O que tem de fato é o homicídio. Se a motivação foi roubo ou vingança, só a investigação vai dizer", disse o delegado Marcos Lima.
Ele, no entanto, confirma que o envolvimento de subordinados também será investigado. "Toda função policial corresponde a uma série de dissabores. Muitas vezes, o comandante é obrigado a punir. O policial é obrigado a punir. Tudo isso será levado em consideração", diz o delegado.
O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, afirmou que, apesar do assassinato, a polícia está em "clima de tranqüilidade". "Qualquer hipótese [sobre a motivação do crime], neste momento, eu classificaria como uma irresponsabilidade", disse.
Segundo o comandante-geral da PM de São Paulo, Roberto Antonio Diniz, o coronel Hermínio era "rígido e disciplinador". Ele nega que o assassinato do oficial tenha relação com duas mortes de PMs ocorridas nos últimos meses.
Diniz afirma que testemunhas foram ouvidas ontem -no local, a polícia conseguiu identificar quatro. Mas ele nega prisões de suspeitos.
Ontem, um PM e seu cunhado, que tem antecedentes criminais, foram detidos no mesmo hospital em que o coronel foi levado. Eles chegaram em uma moto similar à usada no crime e alegaram que buscavam atendimento médico.
Seria realizado ontem o exame residuográfico -em busca de pólvora- nas mãos dos dois detidos. Até a tarde, a investigação não havia sido encaminhada à Polícia Civil.


Colaborou o "Agora"


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