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Brasileiro teme ser esquecido em corredor da morte na Ásia
Marco Archer Cardoso Moreira diz que só Lula pode evitar sua execução na Indonésia
"Cometi meu erro, estou pagando, acho que mereço uma nova chance", diz Archer, condenado em 2004 por entrar com cocaína
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Do corredor da morte em
uma prisão da Indonésia, o instrutor de voo livre Marco Archer Cardoso Moreira faz um
apelo: não quer ser esquecido.
Marco, 48, foi condenado à
morte em 2004 por tentar entrar no país asiático com 13,4 kg
de cocaína em sua asa delta.
"Estou praticamente abandonado", disse, em entrevista
exclusiva à Folha. "Preciso voltar para a mídia de novo. Vou
cair no esquecimento aqui."
O brasileiro quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
interceda novamente junto ao
colega indonésio Susilo Bambang Yudhoyono para evitar a
execução da pena capital. Lula
fez dois pedidos de clemência a
Yudhoyono: o primeiro foi negado em 2006; o segundo ainda
não teve resposta -é a sua última possibilidade de recurso.
"Sempre peço à minha mãe:
"Fala para a d. Marisa que o Lula tem como dar um jeito nessa
história". O Lula é poderoso,
né? É da classe trabalhadora."
A esperança de Marco é ao
menos converter sua pena em
prisão perpétua. "Cometi meu
erro, estou pagando, acho que
mereço uma nova chance", diz
ele, que afirma ter feito a "besteira" para pagar uma dívida
com um hospital.
Archer está preso em Nusakambangan, no sudoeste do
país, a 400 km da capital Jacarta. Lá, divide uma cela com outras cinco pessoas.
Carolina Archer, 70, mãe de
Marco, afirma estar aflita. "Já
se passaram seis anos e vejo
que o governo brasileiro não
fez nada por ele. Quero que ele
pague, mas não com a vida."
A embaixada brasileira em
Jacarta diz estar tentando sanar o caso pela via diplomática.
Carolina teme que a gestão
Lula termine e não haja solução. "O Marco não tem mulher,
família, ninguém. Somos só eu
e meu filho. E estou doente."
Por conta de um câncer no
pulmão, Carolina não visita o
filho desde o final de 2008.
Agora, planeja fazê-lo em maio.
Com ele também está o surfista Rodrigo Gularte, 37, condenado à morte em 2004 por
tentar entrar no país com 6 kg
de cocaína. O processo dele está em fase de apelação -se o recurso for negado, é possível fazer dois pedidos de clemência.
A família do surfista não o autorizou a falar com a Folha.
A Indonésia tem uma das mais
severas leis antidrogas do
mundo. Desde 2000, o narcotráfico no país é punido com a
pena de morte.
Segundo a Imparsial, ONG
local de direitos humanos, 21
condenados foram executados
na Indonésia de 1998 a 2009,
cinco por tráfico de drogas. Só
em 2008, dez foram mortos
-dois por tráfico. A ONG pede
o fim da pena capital.
O presidente Yudhoyono foi
reeleito em 2009, porém, com
posição favorável à punição.
A execução é feita por 12 soldados com rifles; só duas armas
são carregadas. Cada soldado atira uma vez, no peito do condenado. Se ele sobreviver, leva um tiro na cabeça, à queima-roupa.
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