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VIOLÊNCIA
Marco Aurélio de Mello foi abordado em um carro na av. 23 de Maio, após deixar o aeroporto de Congonhas
Ministro do STF é assaltado em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Marco Aurélio de
Mello, do STF (Supremo Tribunal
Federal), foi assaltado às 9h de ontem na avenida 23 de Maio, na zona sul de São Paulo, logo depois
de desembarcar no aeroporto de
Congonhas, procedente de Brasília. Mello, que teve um relógio Rolex roubado, disse que o fato "vale
para chamar a atenção das autoridades" e considerou São Paulo
menos segura que o Rio de Janeiro, a sua cidade natal.
"Foi a primeira vez na vida que
fui assaltado. Ando no Rio, passo
pela Linha Amarela e pela Linha
Vermelha. Nunca tive problemas
lá. O que o Estado está fazendo
para dar segurança? Daqui a pouco, não vamos poder sair na rua?"
Ele disse que entregou ao assaltante um relógio Rolex próprio
para mergulho. "Ainda bem que
não foi o meu [Rolex] de estimação, de 1967."
O ministro afirmou ainda que
oferecera carona a um ex-aluno,
que foi obrigado a entregar um relógio Baume & Mercier. Ele disse
acreditar que foi vítima de uma
quadrilha que atua na região do
aeroporto.
Mello disse que a ocorrência
"escancara o estágio em que vivemos". Ele disse se sentir perplexo
com o grau de insegurança em
que se vive e que o episódio demonstra a "fragilidade do povo
brasileiro e a falência do Estado".
Em nota divulgada à noite, a Secretaria da Segurança Pública informou que os resultados obtidos
pela pasta demonstram que o Estado "atua firmemente no combate à criminalidade".
O texto acrescenta que a Polícia
Civil já prendeu cinco quadrilhas
que agiam na região do aeroporto
de Congonhas desde agosto de
2002 e que policiais da delegacia
que funciona no local prenderam
cerca de 20 pessoas acusadas de
praticar esse tipo de roubo.
Curso
Mello estava a caminho da
UniFMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) para a aula inaugural de um curso que irá ministrar
durante o primeiro semestre na
faculdade de direito, no campus
Liberdade, na região central de
São Paulo. Ele ocupava um carro,
com película escura nos vidros,
cedido pela UniFMU.
Dois homens armados, em uma
moto, obrigaram o motorista Pedro Alberto da Silva a abrir a janela e exigiram os relógios de Mello
e do advogado Alexandre Peralta
Colares, que tinha pego uma carona com o ministro.
Mello disse que o professor Edevaldo Alves da Silva, presidente
da UniFMU, garantiu que, para as
próximas aulas, colocará à sua
disposição um carro blindado.
Casos semelhantes
Somente neste ano, três casos de
assalto semelhantes ao que ocorreu com Mello foram registrados
na delegacia localizada dentro do
aeroporto de Congonhas.
Dois deles aconteceram no bairro do Campo Belo e um no Paraíso, também com passageiros que
desembarcaram no aeroporto e
foram depois abordados por dois
homens em uma moto.
A delegada Ana Paula Monteiro
Pinto diz que o número de passageiros roubados pode ser ainda
maior, uma vez que muitos não
registram a ocorrência na delegacia do aeroporto. "A maioria das
pessoas que desembarca aqui
[Congonhas] e é roubada em outros locais faz o boletim de ocorrência nas proximidades de onde
ocorreu o roubo."
Ela diz que, apesar de constantemente haver investigadores
atentos para qualquer comportamento suspeito no aeroporto, é
difícil descobrir a atuação das
quadrilhas no aeroporto.
"Não dá para relacionar todos
os roubos de Rolex com eventuais
informações que saiam de pessoas que estejam no aeroporto."
A delegada diz que é importante
que os passageiros que sejam furtados ou roubados registrem a
ocorrência na delegacia do aeroporto, para que a polícia tenha
mais informações sobre o modo
como os bandidos agem.
No ano passado, foram presas
três quadrilhas que atuavam no
aeroporto. Duas delas furtavam
notebooks e agiam de maneira semelhante: distraíam o passageiro
e trocavam a sua mala com o aparelho por outra vazia.
A outra quadrilha roubava relógios Rolex usando um carro, que
levantou suspeitas da polícia por
seguir taxistas do aeroporto freqüentemente.
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