São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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VIOLÊNCIA

Marco Aurélio de Mello foi abordado em um carro na av. 23 de Maio, após deixar o aeroporto de Congonhas

Ministro do STF é assaltado em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi assaltado às 9h de ontem na avenida 23 de Maio, na zona sul de São Paulo, logo depois de desembarcar no aeroporto de Congonhas, procedente de Brasília. Mello, que teve um relógio Rolex roubado, disse que o fato "vale para chamar a atenção das autoridades" e considerou São Paulo menos segura que o Rio de Janeiro, a sua cidade natal.
"Foi a primeira vez na vida que fui assaltado. Ando no Rio, passo pela Linha Amarela e pela Linha Vermelha. Nunca tive problemas lá. O que o Estado está fazendo para dar segurança? Daqui a pouco, não vamos poder sair na rua?"
Ele disse que entregou ao assaltante um relógio Rolex próprio para mergulho. "Ainda bem que não foi o meu [Rolex] de estimação, de 1967."
O ministro afirmou ainda que oferecera carona a um ex-aluno, que foi obrigado a entregar um relógio Baume & Mercier. Ele disse acreditar que foi vítima de uma quadrilha que atua na região do aeroporto.
Mello disse que a ocorrência "escancara o estágio em que vivemos". Ele disse se sentir perplexo com o grau de insegurança em que se vive e que o episódio demonstra a "fragilidade do povo brasileiro e a falência do Estado".
Em nota divulgada à noite, a Secretaria da Segurança Pública informou que os resultados obtidos pela pasta demonstram que o Estado "atua firmemente no combate à criminalidade".
O texto acrescenta que a Polícia Civil já prendeu cinco quadrilhas que agiam na região do aeroporto de Congonhas desde agosto de 2002 e que policiais da delegacia que funciona no local prenderam cerca de 20 pessoas acusadas de praticar esse tipo de roubo.

Curso
Mello estava a caminho da UniFMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) para a aula inaugural de um curso que irá ministrar durante o primeiro semestre na faculdade de direito, no campus Liberdade, na região central de São Paulo. Ele ocupava um carro, com película escura nos vidros, cedido pela UniFMU.
Dois homens armados, em uma moto, obrigaram o motorista Pedro Alberto da Silva a abrir a janela e exigiram os relógios de Mello e do advogado Alexandre Peralta Colares, que tinha pego uma carona com o ministro.
Mello disse que o professor Edevaldo Alves da Silva, presidente da UniFMU, garantiu que, para as próximas aulas, colocará à sua disposição um carro blindado.

Casos semelhantes
Somente neste ano, três casos de assalto semelhantes ao que ocorreu com Mello foram registrados na delegacia localizada dentro do aeroporto de Congonhas.
Dois deles aconteceram no bairro do Campo Belo e um no Paraíso, também com passageiros que desembarcaram no aeroporto e foram depois abordados por dois homens em uma moto.
A delegada Ana Paula Monteiro Pinto diz que o número de passageiros roubados pode ser ainda maior, uma vez que muitos não registram a ocorrência na delegacia do aeroporto. "A maioria das pessoas que desembarca aqui [Congonhas] e é roubada em outros locais faz o boletim de ocorrência nas proximidades de onde ocorreu o roubo."
Ela diz que, apesar de constantemente haver investigadores atentos para qualquer comportamento suspeito no aeroporto, é difícil descobrir a atuação das quadrilhas no aeroporto.
"Não dá para relacionar todos os roubos de Rolex com eventuais informações que saiam de pessoas que estejam no aeroporto."
A delegada diz que é importante que os passageiros que sejam furtados ou roubados registrem a ocorrência na delegacia do aeroporto, para que a polícia tenha mais informações sobre o modo como os bandidos agem.
No ano passado, foram presas três quadrilhas que atuavam no aeroporto. Duas delas furtavam notebooks e agiam de maneira semelhante: distraíam o passageiro e trocavam a sua mala com o aparelho por outra vazia.
A outra quadrilha roubava relógios Rolex usando um carro, que levantou suspeitas da polícia por seguir taxistas do aeroporto freqüentemente.


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