São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2007

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Um ano antes de cratera, rua Capri já tinha problemas

Laudo pedido pelo consórcio antes de iniciar obra apontou que afundamentos teriam como causa a rede de esgotos

Gerente do Via Amarela diz que estudos geológicos da região afastavam riscos de acidentes mesmo com o rebaixamento da rua

DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano antes do acidente na futura estação do metrô de Pinheiros, ocorrido no mês passado, o Consórcio Via Amarela investigou afundamentos nas ruas próximas à obra, incluindo a Capri, onde morreram seis das sete pessoas soterradas.
A investigação teve início em janeiro de 2006, após moradores reclamarem de rachaduras nas casas e afundamento nas ruas. Na época, as escavações não haviam começado, o que ocorreria um mês depois.
Para analisar o problema, o consórcio contratou o engenheiro Julio Cerqueira Cesar Neto. Em seu laudo, o especialista apontou como possíveis causas das reclamações um problema na rede de esgotos.
"Os moradores [das ruas próximas da obra] poderiam começar a se preocupar, solicitando providências da Sabesp para garantir a estabilidade da sua rede de esgoto", diz trecho das conclusões do especialista. A informação foi divulgada ontem pela revista "Época".
Ao saber do problema, o consórcio enviou uma carta, com o documento em anexo, para a Sabesp e a Subprefeitura de Pinheiros informando o resultado do documento.
O gerente de administração do contrato, Wagner Marangoni, disse que o laudo foi produzido para preservar o consórcio de ações judiciais e não para apurar eventuais problemas no solo da região.
"Nós resolvemos fazer um relatório daquela região para identificar possíveis causas até para nos resguardar de alguma reclamação futura ou processo que pudesse ser imputado ao consórcio", disse. "[Ele é] Única e exclusivamente destinado a proteger o consórcio de danos não causados por ele."
Marangoni afirma terem sido feitos todos os estudos geológicos da região antes do início das escavações que afastavam todos os riscos de acidente, mesmo com o rebaixamento das ruas. Ele disse, porém, não poder afastar, com certeza, a hipótese de o problema do esgoto estar associado à tragédia.
"Isso tem vínculo com acidente? Não sei. As causas estão sendo investigadas."
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apura as causas do acidente. O IC (Instituto de Criminalística), que também investiga o caso, disse que vai solicitar cópias do laudo do consórcio para analisá-lo.
A Sabesp, por meio de nota, disse que os sistemas de água e esgotos "são sistematicamente monitorados", trabalho reforçado após recebimento do laudo, e há 2 anos não há registros de falhas na região. "Não há a menor probabilidade de correlacionar o evento das obras do metrô com a infra-estrutura da Sabesp", afirma a nota.


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