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Um ano antes de cratera, rua Capri já tinha problemas
Laudo pedido pelo consórcio antes de iniciar obra apontou que afundamentos teriam como causa a rede de esgotos
Gerente do Via Amarela diz que estudos geológicos da região afastavam riscos de acidentes mesmo com
o rebaixamento da rua
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano antes do acidente na
futura estação do metrô de Pinheiros, ocorrido no mês passado, o Consórcio Via Amarela
investigou afundamentos nas
ruas próximas à obra, incluindo
a Capri, onde morreram seis
das sete pessoas soterradas.
A investigação teve início em
janeiro de 2006, após moradores reclamarem de rachaduras
nas casas e afundamento nas
ruas. Na época, as escavações
não haviam começado, o que
ocorreria um mês depois.
Para analisar o problema, o
consórcio contratou o engenheiro Julio Cerqueira Cesar
Neto. Em seu laudo, o especialista apontou como possíveis
causas das reclamações um
problema na rede de esgotos.
"Os moradores [das ruas próximas da obra] poderiam começar a se preocupar, solicitando providências da Sabesp
para garantir a estabilidade da
sua rede de esgoto", diz trecho
das conclusões do especialista.
A informação foi divulgada ontem pela revista "Época".
Ao saber do problema, o consórcio enviou uma carta, com o
documento em anexo, para a
Sabesp e a Subprefeitura de Pinheiros informando o resultado do documento.
O gerente de administração
do contrato, Wagner Marangoni, disse que o laudo foi produzido para preservar o consórcio
de ações judiciais e não para
apurar eventuais problemas no
solo da região.
"Nós resolvemos fazer um
relatório daquela região para
identificar possíveis causas até
para nos resguardar de alguma
reclamação futura ou processo
que pudesse ser imputado ao
consórcio", disse. "[Ele é] Única e exclusivamente destinado
a proteger o consórcio de danos
não causados por ele."
Marangoni afirma terem sido feitos todos os estudos geológicos da região antes do início
das escavações que afastavam
todos os riscos de acidente,
mesmo com o rebaixamento
das ruas. Ele disse, porém, não
poder afastar, com certeza, a hipótese de o problema do esgoto
estar associado à tragédia.
"Isso tem vínculo com acidente? Não sei. As causas estão
sendo investigadas."
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apura as causas do acidente. O IC (Instituto
de Criminalística), que também investiga o caso, disse que
vai solicitar cópias do laudo do
consórcio para analisá-lo.
A Sabesp, por meio de nota,
disse que os sistemas de água e
esgotos "são sistematicamente
monitorados", trabalho reforçado após recebimento do laudo, e há 2 anos não há registros
de falhas na região. "Não há a
menor probabilidade de correlacionar o evento das obras do
metrô com a infra-estrutura da
Sabesp", afirma a nota.
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