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foco
Na volta às aulas, escola de SC dará apoio psicológico a vítimas de enxurrada
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ILHOTA (SC)
É o início das aulas em
uma escola de Ilhota (SC) e a
diretora pergunta aos alunos
quem foi obrigado a deixar
suas casas em razão das enchentes de três meses atrás.
A maioria levanta a mão.
Uma garota diz que mora
até hoje com 17 parentes.
Mais tarde, um menino diz
ter visto a retirada de corpos
dos escombros. Uma menina
da sexta série, ao ouvir relatos da tragédia, chora. Garoava do lado de fora.
O trauma das enxurradas
que mataram 135 pessoas
em Santa Catarina é tamanho que Maria José Debarba, a diretora, diz ser melhor
nem lembrar do assunto.
"Com 15 pingos de chuva, a
gente já começa a ficar preocupado, a levantar as coisas
[dentro de casa]", diz Giovani Petry, 12. Colega dele, Anderson Rinco, 14, disse ter
perdido três amigos e ter visto avalanches "que pareciam
cena de filme". Nas chuvas
de novembro, dois estudantes do colégio morreram.
Com cerca de 400 alunos,
a própria escola Alberto
Schmitt, no Morro do Baú,
foi atingida: uma quadra esportiva ficou parcialmente
destruída -as aulas de educação física terão de ser feitas no pátio, rodeado de lama. A poucos passos de uma
das salas está um barranco
que deslizou na tragédia.
A diretora disse que vai
providenciar auxílio psicológico a alunos. "Muitos viram
coisas que não deveriam ter
visto. Imagina como é para
uma criança." Em Ilhota, de
12 mil habitantes e a 112 km
de Florianópolis, 47 pessoas
morreram pelas chuvas.
Abrigo
Até a última quarta-feira, a
escola municipal Domingos
José Machado, também na
cidade, ainda servia de abrigo para três famílias. Matheus Correa Reinert, 13, estava ali até duas semanas
atrás -voltou ontem para o
primeiro dia de aulas. "É estranho, claro."
Após ficar isolado na localidade do Morro do Baú, ele
diz ter sido resgatado com os
pais de helicóptero. Agora,
vive em uma casa alugada.
Segundo a diretora, Elaine
Custódio, houve confusão
ontem: como as aulas foram
interrompidas em 2008, os
alunos nem sabiam se haviam sido aprovados.
Em razão dos estragos, o
ano letivo também começou
atrasado em Gaspar e Itajaí.
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