ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bianca Baima, garota que só pintava as unhas de verde nos últimos tempos, deixou um museu em casa, diz Maria Cláudia, a mãe, ao olhar as paredes do quarto da filha.
Tem de tudo lá: coleção de água (as amigas viajavam e traziam, de qualquer canto do mundo, uma garrafinha cheia para ela), "catálogo" de embalagens de chiclete Trident, pequeno "depósito" de pontas coloridas de lápis e tudo mais que uma adolescente criativa pode imaginar.
"Acabei de descobrir atrás da porta várias marcas de beijo de batom", revela a mãe, ao explorar o cômodo.
Com apenas 16 anos, Bianca deixou prontos três livros de ficção, recheados de seres intergalácticos. "Ela devorava livros." Leu todos do Harry Potter e gostava da série "As Crônicas de Nárnia".
Vegetariana, era também defensora dos animais. Quando foi ganhar um cachorro, pediu ao pai um vira-lata, achado na rua. Tinha o cão Rony e o canário Xisto.
Bianca adorava os Beatles e pensava em fazer intercâmbio em Londres. "Eu falava para ela botar uma mochila nas costas e ir conhecer o mundo", diz a mãe.
Na terça passada, na volta do colégio, a adolescente desmaiou no carro. Morreu aos 16, em SP. A família não autorizou a autópsia, mas há suspeita de infarto. "Agora que estou percebendo que ela foi uma mestra para mim", afirma Maria Cláudia.
A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, na igreja Cruz Torta, Alto de Pinheiros, SP.

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