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SUCESSÃO NA UNICAMP
Universidade responde por 15% da produção científica do país e 10% da pós-graduação nacional
Reitoráveis querem aproximação com sociedade
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) é responsável
por cerca de 15% da produção
científica feita no Brasil, 10% da
pós-graduação nacional e tem em
seu quadro de docentes 1.800 especialistas nas mais diversas áreas
do conhecimento, sendo 90% deles doutores. Mas ainda não contribui de forma suficiente para a
discussão e busca da solução de
problemas políticos, sociais, econômicos e tecnológicos do país.
Essa visão é compartilhada pelos cinco candidatos à cadeira de
reitor da terceira maior universidade pública de São Paulo. Todos
dizem ser necessária uma maior
aproximação da Unicamp com a
sociedade e seus problemas.
O primeiro turno da "eleição"
será nos dias 20 e 21, numa consulta à comunidade universitária,
cerca de 33 mil pessoas entre alunos, professores e funcionários.
Os resultados da votação são
encaminhados ao Conselho Universitário, que elabora uma lista
com três nomes e a encaminha ao
governador, a quem cabe a nomeação do novo reitor. Nem o governador nem o conselho têm de
seguir o que diz a consulta, mas isso costuma acontecer.
Cinco professores concorrem à
vaga ocupada por Hermano Tavares: Roberto Romano da Silva,
55, do IFCH (Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas); José Tomaz
Vieira Pereira, 57, da Faculdade
de Engenharia Mecânica; Carlos
Henrique de Brito Cruz, 45, do
Instituto de Física Gleb Wataghin;
o atual vice-reitor, Fernando Galembeck, 59; e Vitor Baranauskas,
50, da Faculdade de Engenharia
Elétrica e de Computação.
Além dos muros
A preocupação de atuar mais
efetivamente além dos muros da
universidade reflete em parte a
forma como os problemas estão
transpondo esses muros e atingindo a comunidade acadêmica.
O crescimento da violência dentro do campus, por exemplo, levou a Unicamp a cercar a área e
colocar policiais fazendo rondas.
Para Baranauskas, um dos desafios é achar um modo de "contribuir para que a Unicamp tenha
uma maior integração com a região metropolitana de Campinas,
para auxílio nos seus graves problemas sociais e da necessidade
de uma convivência crítica com a
chamada globalização".
A aproximação é prioritária
também para Pereira. "A Unicamp tem uma história de inteligência que se torna cada vez mais
importante frente aos contrastes
de nossa sociedade."
"A Unicamp precisa reforçar
sua posição institucional como
entidade formuladora de idéias e
políticas públicas em todas as
áreas", diz Brito.
"Não tenho dúvida da demanda
para emissão de opiniões, desenvolvimento de estudos e formulação de políticas em relação à Unicamp. Com relação a isso, não podemos ser modestos nem tímidos", afirma Galembeck.
Para o professor Romano, a responsabilidade da universidade é
ainda maior porque, em meio à
"crise de credibilidade das entidades que nos representam, a Unicamp é uma das poucas instituições que ainda tem a fé pública".
O atual reitor sustenta, porém,
que nunca houve uma aproximação tão grande entre a universidade e as cidades da região de Campinas e cita como exemplo a oferta de cursos de graduação em pedagogia para 400 professores.
A abertura de portas para a comunidade externa significa também a intensificação de parcerias
com a iniciativa privada, o que representa um reforço de caixa para
a Unicamp, cujo Orçamento para
2002 é de cerca de R$ 630 milhões.
Além dos convênios com o SUS
e a Receita Federal e da verba vinda de instituições de financiamento à pesquisa, há também os
contratos para prestação de serviços a empresas, defendidos pelos
reitoráveis desde que não signifiquem o cerceamento da liberdade
acadêmica.
No ano passado, a reitoria da
Unicamp estima que a receita extra-orçamentária tenha sido de
R$ 215 milhões -o Orçamento
oficial foi de R$ 524 milhões.
Fundo de previdência
Outro problema urgente é a necessidade da criação de um fundo
de previdência. Hoje cerca de 17%
do Orçamento vai para inativos.
Embora o quadro não seja tão
grave quanto o da USP -onde o
comprometimento é de 25%-, é
considerado ameaçador.
Depois da autonomia, declarada em 89, as universidades estaduais paulistas começaram a ter
de arcar com os custos das aposentadorias, que vêm aumentando. Isso significa menos verba para gastos em infra-estrutura e aumento do número de vagas.
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