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EDUCAÇÃO SEXUAL
Católicos acham que projeto do governo de antecipar idade do público-alvo de campanha estimula o sexo precoce
Bispo propõe abstinência para jovens
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde deveria
destinar 50% do investimento
que faz na compra de preservativos para a elaboração de uma política de educação sexual voltada a
adolescentes que inclua valores
éticos e morais, como a abstinência sexual até o casamento.
É a contraproposta do bispo
emérito de Jundiaí (interior de
SP), dom Amaury Castanho,
apoiada por organizações católicas, como Provida e CNBB, ao
projeto do governo federal de implantar a educação sexual nas escolas a partir dos dez anos.
Para Castanho, do ponto de vista educativo, a abstinência sexual
é mais eficaz para evitar as DSTs
(doenças sexualmente transmissíveis), a gravidez e os abortos na
adolescência. "[A abstinência] é
mais positiva do que dizer transem à vontade, porém utilizem o
preservativo."
Antinatural
A médica Alice Teixeira, da comissão de bioética da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), concorda com Castanho e apóia a idéia da abstinência.
"O que uma criança de dez anos
vai entender de sexo? É antinatural." Para ela, as gravidezes precoces nessa faixa etária são, em geral, fruto de violência sexual.
Na avaliação do presidente da
Provida, professor Humberto
Leal Vieira, o projeto de educação
sexual do governo é um "absurdo" e vai provocar um aumento
das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez na adolescência. "Será um desastre. A sociedade tem que impedir que isso
aconteça. Essa decisão tira dos
pais o poder de dar aos filhos a
educação sexual em que acreditam, na hora certa."
Vieira é membro vitalício da
Pontifícia Academia para a Vida,
um escritório do Vaticano voltado para as questões éticas.
A proposta da abstinência sexual foi feita por Castanho diretamente ao ministro Humberto
Costa, durante debate sobre aborto e célula-tronco, realizado pela
Folha no último dia 7. Para Costa,
a idéia de abstinência é "inócua"
do ponto de vista de política pública destinada à juventude.
"A abstinência como forma de
evitar a contaminação da Aids ou
de prevenir a gravidez precoce
não tem sido um instrumento eficaz em outros países. Eu, como
gestor de saúde pública, tenho
que me preocupar com os jovens
que transam antes do casamento
e dar a eles a possibilidade de prevenção. O início da vida sexual
deve ser uma decisão individual,
devidamente informada."
O procurador Paulo Leão, presidente da União dos Juristas Católicos, discordou argumentando
que o combate à Aids em Uganda
(África), que chegou a ter 20% da
população contaminada pelo vírus HIV e que agora baixou para
6%, é fundamentado na abstinência sexual.
"Se o sexo é colocado como comer pipoca, é claro que vai ser tudo banalizado", afirma.
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