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SEGURANÇA
Ministério Público Militar apurará negociação entre Exército e o Comando Vermelho para a recuperação de fuzis e pistola
Promotoria investiga retomada das armas
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Os oficiais do Exército que comandaram as investigações sobre
o roubo das armas de um quartel
no Rio terão que prestar esclarecimentos ao Ministério Público Militar, que irá investigar a informação de que, para reaver a pistola e
os fuzis, integrantes do CML (Comando Militar do Leste) fizeram
um acordo com a facção criminosa CV (Comando Vermelho).
Um dos representantes do Ministério Público Militar no IPM
(Inquérito Policial Militar), o promotor Antônio Carlos Facuri disse ontem, por meio da assessoria
de imprensa do órgão, que a negociação entre integrantes do
Exército e do CV será investigada.
O acordo entre militares e traficantes foi revelado anteontem pela Folha. O promotor não quis dar
entrevista, mas autorizou que a
assessoria divulgasse que investigará se houve a negociação.
De acordo com o que a Folha
apurou, o Exército se comprometia, pelo acordo, a deixar no fim de
semana as favelas controladas pela facção, o que ocorreu, e a divulgar que as armas haviam sido
achadas numa comunidade controlada pela facção ADA (Amigo
dos Amigos), adversária do CV. O
Exército também intermediaria a
transferência de um preso.
Para honrar o compromisso, na
terça-feira o Exército ocupou a
Rocinha, onde os traficantes são
da ADA, embora as armas estivessem com o CML desde o domingo
anterior.
O general Hélio Chagas de Macedo Júnior, chefe do Estado-Maior do CML, voltou a negar
que o CML tenha feito o acordo.
Anteontem, dois ex-militares
foram presos sob a acusação de
participar do roubo ao quartel
(leia texto ao lado).
Para esclarecer a questão, Facuri pretende interrogar os oficiais
que representaram o CML na força-tarefa constituída pelo Exército e pela Secretaria de Segurança
Pública do Estado do Rio. A força-tarefa tinha o objetivo de apurar o
roubo das armas do quartel do
ECT (Estabelecimento Central de
Transporte), em São Cristóvão
(zona norte).
O Ministério Público Militar
não respondeu se entre esses oficiais estarão os generais Domingos Curado, comandante militar
do Leste, e Hélio Chagas de Macedo Júnior. As investigações do
Ministério Público Militar deverão começar na próxima semana,
quando está prevista a conclusão
do inquérito pelo CML.
Ontem, a Justiça Militar determinou que a Polícia Federal faça a
perícia nos dez fuzis e na pistola
apresentados pelo Exército para
atestar se são as armas roubadas
do quartel.
Operações
Tão cedo não haverá nas favelas
cariocas operações militares do
porte das ocorridas até terça-feira
passada, afirmou ontem o chefe
do Estado-Maior do CML.
O general Macedo Júnior afirmou que o Exército só voltará às
favelas se for preciso realizar prisões. "Serão ações muito pontuais. Se for necessário prender alguém em áreas de risco, as ações
terão uma maior envergadura.
Mas não como na semana passada", disse ele.
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