São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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Temporal de 1 hora pára SP, arrasta carros e isola casas

Marginais alagaram e a cidade registrou o maior congestionamento deste ano

O aeroporto de Congonhas fechou à tarde por pouco mais de uma hora; as multas referentes ao rodízio foram suspensas pela prefeitura

DA REPORTAGEM LOCAL

Pessoas ilhadas nas ruas ou em suas próprias casas, veículos arrastados pelas águas nas marginais Tietê e Pinheiros e nas principais vias de acesso a São Paulo, "apagões" espalhados por toda a cidade e muito trânsito -o maior congestionamento desde agosto de 2006.
A cidade de São Paulo parou na tarde de ontem após um temporal de pouco mais de uma hora que atingiu principalmente as zonas oeste e norte. Foi o terceiro dia mais chuvoso do ano, com média de 39,9 mm (quase 25% do previsto para todo o mês).
Um homem, ainda não identificado, foi resgatado com vida em uma galeria de águas pluviais próximo à ponte da Freguesia do Ó, na marginal Tietê (zona norte). Ele havia sido arrastado pelas águas.
As chuvas causaram transtornos também em Recife e Brasília (leia na página C2).
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mediu 183 km de lentidão nos principais corredores de trânsito às 19h, o maior índice do ano. A média para o horário é de 137 km.
Avenidas como 23 de Maio e Nove de Julho, as marginais Pinheiros e Tietê e o túnel do Anhangabaú chegaram a ficar parcialmente interditados por cerca de uma hora. As avenidas Rebouças e Consolação também sofreram alagamentos.
Por causa dos transtornos, a prefeitura suspendeu as multas que possam ter sido aplicadas ontem referentes a infrações ao rodízio de veículos.
O aeroporto de Congonhas ficou fechado para pousos e decolagens por pouco mais de uma hora no meio da tarde.
Até as 17h30, foram registrados 35 atrasos de vôos.
O Corpo de Bombeiros registrou pelo menos 30 chamados de pessoas ilhadas em carros e casas. A Defesa Civil municipal registrou quedas de árvores e muros, mas não houve vítimas.
Quatro áreas da cidade foram atingidas por queda de energia -Jardins, inclusive trechos das avenidas Consolação e Rebouças, Pompéia, Butantã e Sumaré. Em todos os casos, a energia foi restabelecida antes das 20h.
Os alagamentos ocorreram principalmente porque o sistema de drenagem -bueiros e bocas-de-lobo- não suportou o grande volume de chuvas em um curto período de tempo.
Porém, também houve transbordamento de córregos na zona norte, causando, por exemplo, o alagamento na marginal do rio Tietê.
Na Freguesia do Ó, choveu 96,5 mm em pouco mais de uma hora, o maior índice registrado na cidade pelo CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências).
A secretária Daniela Mendonça, 24, esperou pelo menos 55 minutos o ônibus que a levaria da região do parque Ibirapuera ao centro. "Parou tudo por causa do alagamento. Não faço idéia de que horas vou chegar em casa."
Na região da avenida Rio Branco, os semáforos estavam com defeito. Os motoristas demoravam pelo menos meia hora para percorrer um trecho de cem metros.
O advogado Luiz Carlos Barreto resolveu não estressar: parou no boteco e pediu uma cerveja. "Só saio daqui a hora que esse trânsito fluir."
Hoje deve chover durante todo o dia, com pancadas de chuvas no período da tarde.
Segundo Lucyara Rodrigues, meteorologista do CGE, o risco de alagamentos é menor, pois as chuvas são distribuídas ao longo do dia, mas aumenta a possibilidade de deslizamentos de terra. Ela disse que a previsão de chuvas ao longo do dia com pancadas à tarde segue até o início da semana, quando a frente fria que chegou ontem à capital começa a se deslocar.
(EVANDRO SPINELLI, CLÁUDIA COLUCCI E JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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