São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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Garotos usam droga ao lado de delegacia

Flagrantes na vizinhança do prédio da polícia em SP vão desde o consumo e a venda de crack até a tentativa de roubo a pedestres

Movimentação pode ser vista do prédio do 77º Distrito Policial (Santa Cecília) -o muro é baixo, com menos de três metros

FERNANDO DONASCI
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Adultos, adolescentes e crianças consomem e vendem crack em pleno dia ao lado de um distrito policial na região central de São Paulo.
Um dos "esconderijos" usados pelo grupo fica encostado no muro dos fundos do estacionamento do 77º DP (Santa Cecília) e a movimentação pode ser vista do prédio da delegacia.
Por oito dias, a área entre a avenida São João e as ruas Helvétia, Ana Cintra e Frederico Steidel foi fotografada. São mais de 60 horas de observação do grupo formado por cerca de 20 jovens, a maioria com menos de 18 anos. Os flagrantes vão desde o consumo de crack, a venda da droga e até a tentativa de roubo a transeuntes.
Um dos principais pontos de concentração do grupo fica em uma área entre uma alça de acesso ao elevado Costa e Silva e o muro dos fundos do estacionamento do 77º DP -o titular do distrito, o delegado Carlos Alberto Nimtiz, não quis falar à reportagem. Sem se preocupar com a vizinhança, constantemente os jovens sobem pela alça e pulam para a área.
Essa movimentação pode ser vista do prédio do distrito. Nessa área, as fotos flagraram ontem um adulto acendendo um cachimbo de crack com uma criança. Em outras fotos, podem ser vistos carros do GOE (Grupo de Operações Especiais) estacionados ao fundo.
Nessa mesma área, entre o muro dos fundos do distrito policial e o muro de trás de um lava-rápido, o grupo construiu um pequeno barraco, usado como esconderijo.
Além do consumo, esse local também é usado para a venda da droga. Na seqüência de outro flagrante, um jovem vai até a alça. Depois ele retorna e repassa a droga para um jovem bem vestido. O grupo desce a alça conferindo a droga, despreocupadamente.
O grupo que age na região é formado, na sua maioria, por jovens em situação de rua.

Assaltos
A reportagem fotográfica também flagrou imagens que mostram o perigo que é transitar pela região, principalmente para mulheres. Em uma das cenas, às 8h32, entre a avenida São João e a rua Ana Cintra, um garoto se posiciona entre duas jovens. Em uma delas, o adolescente encosta o que parece ser uma lâmina para intimidá-la. Enquanto isso, tenta arrancar a bolsa da outra jovem, que consegue se desvencilhar.
Moradora há dez anos na área, Joana (nome fictício) disse que também foi vítima de tentativa de assalto quando estava com seu carro parado no semáforo, 15 dias atrás. "A coisa está piorando muito. As crianças de rua cresceram por aqui e se tornaram mais perigosas."


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