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Guia de banheiros ajuda paulistano a driblar aperto
Com opções escassas, população depende da boa vontade de donos de bares e outros estabelecimentos; alguns cobram taxas
Publicação do Hospital das Clínicas avalia 150 sanitários públicos da cidade
MARIANA BARROS
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vale do Anhangabaú, no
centro da cidade, está entre os
piores lugares de São Paulo para se ter uma dor de barriga -o
único banheiro público do local
está em condições lamentáveis.
Para ajudar os paulistanos a
driblar esse e outros momentos
de aperto, médicos do HC
(Hospital das Clínicas) elaboraram o guia "Banheiros em
São Paulo. Onde ir? Como fazer?", que avalia 150 banheiros
de alguns dos mais movimentados pontos da cidade e dá dicas
de locais a que se pode recorrer
nos momentos de sufoco
-5.000 exemplares estão sendo distribuídos no HC.
"Tem que ter banheiro. É um
problema de saúde pública",
diz Homero Bruschini, urologista do HC e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo os
médicos, 15% da população
adulta tem dificuldade de reter
a urina. O guia também pretende auxiliar quem sofre de incontinência ou problemas de
próstata, além de portadores de
deficiência e idosos. "Queremos motivar governantes a se
preocuparem com o tema."
Com escassas opções de banheiros públicos, os paulistanos dependem da boa vontade
de donos de bares e de outros
estabelecimentos. Alguns deles
cobram taxas para restringir o
uso, enquanto a maioria discrimina quem pode utilizar as instalações, deixando os mais pobres, literalmente, no aperto.
"Sempre dizem que está quebrado", conta o gari José Geraldo, 62, que afirma já ter cansado de ouvir a mesma desculpa
enquanto vê clientes usando o
sanitário. O sorveteiro Francisco Souza, 43, vive o mesmo problema. "Há dias em que fico
seis, oito horas sem ir."
A reportagem esteve em dois
banheiros públicos, no vale do
Anhangabaú e no terminal de
ônibus Parque D. Pedro 2º. "Vai
entrar aí?", grita a moradora de
rua Gisele Bertoldo, 21, advertindo sobre a imundície do banheiro do Anhangabaú. Gisele
conta que, devido à sua aparência, costuma ser barrada em banheiros particulares. Recorre
aos da estação República do
metrô e ao do terminal Bandeira de ônibus.
No Anhangabaú, o forte cheiro de urina faz arder o nariz e
lacrimejar os olhos -que se espremem de aflição ao se deparar com o montante de fezes
pelo chão. A dona de uma banca
de jornal próxima mostra a base de metal corroída de urina.
"Pago R$ 5 por dia para lavarem. Às 7h, quando chego, não
respiro." Já o sanitário do parque D. Pedro 2º, mostrou-se razoável, com trocador para bebê,
mas sem papel higiênico.
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