ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Bravo, bravíssimo!", falava alto José Roberto Popolo para as câmeras, abusando do sotaque italiano que herdara da família, enquanto a bisteca à la Bismarck descansava na cozinha.
Alegre, vestindo um avental e um chapéu de chef, Popolo (lê-se Pópolo) tinha um programa de culinária transmitido em Bauru (SP) por um canal de TV fechado: o "Cozinhando com Popolo".
A bisteca que ensinou a fazer era um filé mignon à cavalo, ou seja, com ovo em cima, que ele dizia ser um prato comum no norte da Itália.
E contava curiosidades: em Portugal, se um único filé era servido com um único ovo, seria bife à Camões -o escritor era cego de um olho.
Devido a uma diabetes, Popolo também perdeu a visão de um olho e teve o outro prejudicado. Durante o programa, era auxiliado por uma cozinheira. "Ele tinha limitações, andava com dificuldades devido ao peso, mas sempre continuou lutando", conta a filha Sandra.
Nascido em Botucatu (SP), era dono de uma cantina em Bauru há mais de 20 anos, que ele dizia ser "um pedacinho da Itália" na cidade. Desistira do emprego numa seguradora para cozinhar.
Quando não estava cantando (tinha voz de tenor), pesquisava sobre comidas em livros e em outros restaurantes. Era membro da Federação Italiana de Chefs.
Morreu anteontem, aos 62 anos, devido a complicações de uma infecção. Deixa quatro filhos e três netos.

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