São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011

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Multa pesada não livra ruas de toneladas de entulho

Mesmo com punição de R$ 12 mil, aterros só recebem 40% dos resíduos de SP

Segundo empresas do setor, sistema de recebimento de entulho não tem capacidade para atender a demanda

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Material de construção e terra deixados em ponto próximo do viaduto Imigrante Nordestino, na zona leste da capital

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Apesar de a gestão Gilberto Kassab (DEM) ter aumentado de R$ 500 para R$ 12 mil a multa por jogar entulho em locais impróprios, 60% dos resíduos gerados em pequenas obras ou reformas vão parar em ruas, calçadas e terrenos baldios da cidade.
A estimativa é que as pequenas obras produzam cerca de 12 mil toneladas de resíduos diariamente, de acordo com o sindicato das empresas do setor. Mas a prefeitura contabilizou apenas 5.200 toneladas por dia nos aterros da cidade em 2009.
Segundo a prefeitura, há hoje 1.500 pontos de depósitos ilegais de entulho.
Estes locais são alimentados pela população ou por empresas ilegais de coleta. Elas cobram para colocar a caçamba, mas jogam tudo, de graça, em áreas proibidas.
Para os moradores que estão trocando o piso da sala ou fazendo aquele puxadinho, a primeira dificuldade é saber exatamente o que fazer.
Se o entulho ultrapassar um metro cúbico por dia (equivalente a uma caixa d'água de mil litros) a única saída é chamar a caçamba.
Menos do que isso, pode-se colocar tudo no carro e levar ao ecoponto mais próximo. Porém, existem apenas 41 pontos de entrega voluntária de resíduos -nenhum abre à noite.
Desde o início da gestão, Kassab promete ampliar os pontos de entrega para 96.

CAÇAMBA
Como quase toda pequena obra ou reforma gera mais entulho do que o limite recebido pelo ecoponto, a saída é a contratação de caçamba.
Mas, mesmo a contratação desse serviço, não assegura que o entulho será corretamente recolhido.
"O sistema da prefeitura é insuficiente para coletar todo o entulho gerada na cidade", diz Clodoaldo da Silva, presidente do Sieresp (Sindicato das Empresas Removedoras do Estado do São Paulo).
Não é só a capacidade de coleta que está subestimada, dizem os operadores de caçamba. A logística também é bastante complicada.
A nova restrição de circulação dos caminhões e o horário de funcionamento dos aterros legais -não funcionam à noite- acabam sendo outros empecilhos.
"A cidade precisa de mais quatro áreas de transbordo, pelo menos. Sem eles, o entulho continuará indo parar em aterros clandestinos ou na rua", diz o sindicalista.
Restos de obra em lugar errado, em última análise, provoca enchente no verão. No inverno, por exemplo, geram risco à saúde, por causa da poeira, uma das principais fontes de poluição do ar.


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