São Paulo, terça, 17 de março de 1998

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Detentos vivem em galpão em Fortaleza

PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

O IPPS (Instituto Penal Paulo Sarasate) é considerado o maior presídio do Ceará e tem uma trajetória marcada por rebeliões, denúncias de tortura e destruição de sua estrutura física.
No final da tarde de ontem, uma comissão de oito entidades de defesa dos direitos humanos do Ceará entregou ao presidente do Tribunal de Justiça, José Maria Melo, um documento sugerindo 20 medidas para tirar "o IPPS do caos".
No documento, as entidades pedem a apuração de denúncias de tortura contra os presos, a desmilitarização da guarda do presídio e um tratamento diferenciado para os detentos considerados mais perigosos.
O coordenador da Anistia Internacional no Ceará, Arimar Rocha, diz que o desrespeito aos direitos dos presos transformou o IPPS num barril de pólvora.
Segundo Rocha, o único médico que atende a população carcerária é pediatra e apenas 20 guardas penitenciários cuidam do IPPS, quando seriam necessários pelo menos cem.
O IPPS não tem problemas de superlotação, mas cerca de 70% de suas 500 celas estão destruídas desde uma rebelião ocorrida em 17 de fevereiro passado.
Desde então, os 875 detentos estão vivendo num galpão coberto, sem divisórias. O governo cearense calcula que seria necessário um investimento de R$ 3 milhões para recuperar o prédio.
A Coordenadora do Sistema Penal do Ceará, Sandra Dond, reconhece que a situação do presídio é "caótica" e que os detentos têm o controle parcial da penitenciária.
No último fim-de-semana, um grupo de detentos assaltou o rancho do presídio, levando cerca de 200 kg de carne.



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