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Detentos vivem em galpão em Fortaleza
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
O IPPS (Instituto Penal Paulo
Sarasate) é considerado o maior
presídio do Ceará e tem uma trajetória marcada por rebeliões, denúncias de tortura e destruição de
sua estrutura física.
No final da tarde de ontem, uma
comissão de oito entidades de defesa dos direitos humanos do Ceará entregou ao presidente do Tribunal de Justiça, José Maria Melo,
um documento sugerindo 20 medidas para tirar "o IPPS do caos".
No documento, as entidades pedem a apuração de denúncias de
tortura contra os presos, a desmilitarização da guarda do presídio e
um tratamento diferenciado para
os detentos considerados mais perigosos.
O coordenador da Anistia Internacional no Ceará, Arimar Rocha,
diz que o desrespeito aos direitos
dos presos transformou o IPPS
num barril de pólvora.
Segundo Rocha, o único médico
que atende a população carcerária
é pediatra e apenas 20 guardas penitenciários cuidam do IPPS,
quando seriam necessários pelo
menos cem.
O IPPS não tem problemas de
superlotação, mas cerca de 70% de
suas 500 celas estão destruídas
desde uma rebelião ocorrida em
17 de fevereiro passado.
Desde então, os 875 detentos estão vivendo num galpão coberto,
sem divisórias. O governo cearense calcula que seria necessário um
investimento de R$ 3 milhões para
recuperar o prédio.
A Coordenadora do Sistema Penal do Ceará, Sandra Dond, reconhece que a situação do presídio é
"caótica" e que os detentos têm o
controle parcial da penitenciária.
No último fim-de-semana, um
grupo de detentos assaltou o rancho do presídio, levando cerca de
200 kg de carne.
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