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EDUCAÇÃO
Resultados de avaliação divulgados ontem são positivos, apesar de estudantes chegarem à 3ª série sem saber ler
Analfabetismo retarda aceleração de alunos
FERNANDO ROSSETTI
enviado especial ao Rio
Alunos do ensino fundamental
(1º grau) estão chegando à 3ª ou 4ª
série sem saber ler ou escrever, e
isso está se tornando uma das
principais limitações dos programas de aceleração da aprendizagem em curso no país atualmente.
A aceleração da aprendizagem é
oferecida a alunos que tenham repetido de ano duas ou mais vezes.
Agrupa os estudantes em turmas
menores e envolve treinamento
dos professores e desenvolvimento de materiais didáticos.
Ontem foram divulgados no Rio
os resultados da primeira avaliação de um dos principais programas de aceleração em andamento
no país -o Acelera Brasil, mantido pelo Instituto Ayrton Senna,
em parceria com a Petrobrás e
com o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação
(FNDE).
No geral, os dados são positivos.
A média dos alunos em provas
aplicadas no início do ano letivo e
no final do ano saltou de 35 (em
100 pontos) para 52. Entre os estudantes de Minas Gerais, por exemplo, 24% avançaram uma série,
65% duas e 9%, três (leia quadro).
O problema é que, enquanto no
teste do início do ano os alunos tiveram o desempenho esperado
(todos se concentram em torno da
nota média), o resultado da prova
de final de ano mostrou a existência de dois grupos -um que evoluiu e outro que ficou mais ou menos no mesmo nível.
Explicação: o grupo que não teve
avanços significativos nem sequer
sabia ler e escrever e, portanto,
não foi capaz de aproveitar as aulas nem o material especial.
Solução: as classes de aceleração
passarão a contar com um módulo
de alfabetização, para o grupo de
alunos que ainda não tem o instrumental básico para estudar.
"Este ano vamos corrigir as falhas do programa -como a questão da alfabetização- e ampliar o
número de alunos e de municípios
atendidos", afirma Viviane Senna,
presidente do Instituto Ayrton
Senna.
No ano passado foram 3.500 alunos, distribuídos em 15 municípios. O investimento foi de R$ 1,5
milhão. Em 1998 serão 25 mil estudantes, em 24 municípios.
"Nossa idéia não é apenas resolver o problema das pessoas atendidas, mas transformar esse tipo
de intervenção em uma política
pública", diz Viviane.
Especialistas
A avaliação apresentada ontem
foi feita pela Fundação Carlos
Chagas, de São Paulo. Também
participaram da discussão alguns
dos principais especialistas da área
-como João Batista Araujo e Oliveira, um dos mentores das classes
de aceleração no país, e Claudio de
Moura Castro, conselheiro chefe
de Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
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