São Paulo, terça, 17 de março de 1998

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EDUCAÇÃO
Resultados de avaliação divulgados ontem são positivos, apesar de estudantes chegarem à 3ª série sem saber ler
Analfabetismo retarda aceleração de alunos

FERNANDO ROSSETTI
enviado especial ao Rio

Alunos do ensino fundamental (1º grau) estão chegando à 3ª ou 4ª série sem saber ler ou escrever, e isso está se tornando uma das principais limitações dos programas de aceleração da aprendizagem em curso no país atualmente.
A aceleração da aprendizagem é oferecida a alunos que tenham repetido de ano duas ou mais vezes. Agrupa os estudantes em turmas menores e envolve treinamento dos professores e desenvolvimento de materiais didáticos.
Ontem foram divulgados no Rio os resultados da primeira avaliação de um dos principais programas de aceleração em andamento no país -o Acelera Brasil, mantido pelo Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Petrobrás e com o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE).
No geral, os dados são positivos. A média dos alunos em provas aplicadas no início do ano letivo e no final do ano saltou de 35 (em 100 pontos) para 52. Entre os estudantes de Minas Gerais, por exemplo, 24% avançaram uma série, 65% duas e 9%, três (leia quadro).
O problema é que, enquanto no teste do início do ano os alunos tiveram o desempenho esperado (todos se concentram em torno da nota média), o resultado da prova de final de ano mostrou a existência de dois grupos -um que evoluiu e outro que ficou mais ou menos no mesmo nível.
Explicação: o grupo que não teve avanços significativos nem sequer sabia ler e escrever e, portanto, não foi capaz de aproveitar as aulas nem o material especial.
Solução: as classes de aceleração passarão a contar com um módulo de alfabetização, para o grupo de alunos que ainda não tem o instrumental básico para estudar.
"Este ano vamos corrigir as falhas do programa -como a questão da alfabetização- e ampliar o número de alunos e de municípios atendidos", afirma Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.
No ano passado foram 3.500 alunos, distribuídos em 15 municípios. O investimento foi de R$ 1,5 milhão. Em 1998 serão 25 mil estudantes, em 24 municípios.
"Nossa idéia não é apenas resolver o problema das pessoas atendidas, mas transformar esse tipo de intervenção em uma política pública", diz Viviane.

Especialistas

A avaliação apresentada ontem foi feita pela Fundação Carlos Chagas, de São Paulo. Também participaram da discussão alguns dos principais especialistas da área -como João Batista Araujo e Oliveira, um dos mentores das classes de aceleração no país, e Claudio de Moura Castro, conselheiro chefe de Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).



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