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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Após acumular recursos nos dois primeiros anos de governo, prefeito investe em obras para sua reeleição

Cesar Maia é aprovado por 45% dos cariocas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Disposto a se reeleger no ano que vem, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), acaba de atingir a maior taxa de aprovação de seu governo, revela pesquisa Datafolha realizada no dia 31 de março. Para 45% dos cariocas, a administração de Maia é ótima ou boa.
À frente da prefeitura desde janeiro de 2001, Maia teve o desempenho considerado regular por 37%. Outros 15% consideram sua gestão ruim ou péssima.
Em entrevista à Folha, por e-mail, Maia disse anteontem ser a reeleição seu "único" projeto político. Se alcançar a meta, será seu terceiro mandato. Ele foi prefeito da cidade de 1993 a 1996.
Na tentativa de convencer o eleitor de que é o melhor candidato, ele passou os dois primeiros anos do mandato juntando dinheiro e decidindo como aplicá-lo. Os gastos já começaram.
Maia diz ter em caixa "mais de R$ 1 bilhão" exclusivamente para obras. Afirma que está dando prioridade "às áreas de IDH [Índice de Desenvolvimento Humano" mais baixo", em que "a visibilidade é menor, mas o impacto social é maior". São áreas nas zonas norte e oeste, principalmente.
Em julho de 2001, segundo o Datafolha, o governo do pefelista foi aprovado por 28% dos cariocas. Seis meses depois, essa taxa se manteve (27%). Em dezembro de 2002, subiu para 33%.
Para o especialista Sérgio Jund, professor de Orçamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Maia repete o que fez em sua primeira gestão na prefeitura: guarda dinheiro para investir a partir do terceiro ano de mandato.
"É uma decisão administrativamente correta. Quando o prefeito começa a gastar sem caixa, chega o momento em que terá dificuldades", disse Jund, que calcula haver nos cofres municipais algo em torno de R$ 10 bilhões -R$ 8 bilhões do Orçamento deste ano mais R$ 2 bilhões de sobras dos anos anteriores.
De acordo com o Datafolha, 54% dos mais escolarizados aprovam o governo de Maia, assim como 56% dos moradores do Rio que têm renda familiar acima de dez salários mínimos mensais.
Uma das características da gestão é o discurso duro que Maia tem adotado contra a criminalidade. No último dia 10, ele publicou em jornais cariocas texto em que apresenta propostas de segurança pública para o Rio.
Outra medida adotada pelo prefeito foi o empréstimo de R$ 191 milhões ao governo do Estado, para ajudar a pagar o 13º salário do funcionalismo de 2002, que está atrasado, além de investimentos em segurança.
A prefeitura aumentou neste ano a quantidade de anúncios na televisão, principalmente entre 19h e 20h. A secretária de Projetos Especiais, Leila Castanheira, disse que de janeiro último a julho próximo a prefeitura gastará R$ 1,2 milhão em anúncios televisivos.
Está sendo preparado o edital para a contratação de uma agência de propaganda para o período entre julho de 2003 e julho de 2004 vem. Segundo ela, serão gastos em um ano cerca de R$ 10 milhões. No ano passado todo, os gastos com publicidade somaram R$ 2,2 milhões.
Para o coordenador do Fórum do Orçamento -organização que reúne entidades de análise de orçamentos públicos-, Luiz Mário Behnken, dois fatores podem atrapalhar os planos de Maia nestes dois últimos anos de mandato.
Um deles é a dívida com a União referente a títulos vencidos. A questão está na Justiça. Behnken avalia que a prefeitura deve R$ 6,6 bilhões ao governo federal.
O segundo fator é a falta de um marco para sua gestão. "Maia não tem uma grande obra para mostrar, como teve a Linha Amarela [via expressa entre as zonas oeste e norte] no primeiro mandato", disse ele, para quem o projeto do Museu Guggenheim ainda está longe de ser posto em prática.


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