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ADMINISTRAÇÃO
Após acumular recursos nos dois primeiros anos de governo, prefeito investe em obras para sua reeleição
Cesar Maia é aprovado por 45% dos cariocas
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Disposto a se reeleger no ano
que vem, o prefeito do Rio, Cesar
Maia (PFL), acaba de atingir a
maior taxa de aprovação de seu
governo, revela pesquisa Datafolha realizada no dia 31 de março.
Para 45% dos cariocas, a administração de Maia é ótima ou boa.
À frente da prefeitura desde janeiro de 2001, Maia teve o desempenho considerado regular por
37%. Outros 15% consideram sua
gestão ruim ou péssima.
Em entrevista à Folha, por e-mail, Maia disse anteontem ser a
reeleição seu "único" projeto político. Se alcançar a meta, será seu
terceiro mandato. Ele foi prefeito
da cidade de 1993 a 1996.
Na tentativa de convencer o
eleitor de que é o melhor candidato, ele passou os dois primeiros
anos do mandato juntando dinheiro e decidindo como aplicá-lo. Os gastos já começaram.
Maia diz ter em caixa "mais de
R$ 1 bilhão" exclusivamente para
obras. Afirma que está dando
prioridade "às áreas de IDH [Índice de Desenvolvimento Humano" mais baixo", em que "a visibilidade é menor, mas o impacto
social é maior". São áreas nas zonas norte e oeste, principalmente.
Em julho de 2001, segundo o
Datafolha, o governo do pefelista
foi aprovado por 28% dos cariocas. Seis meses depois, essa taxa se
manteve (27%). Em dezembro de
2002, subiu para 33%.
Para o especialista Sérgio Jund,
professor de Orçamento da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), Maia
repete o que fez em sua primeira
gestão na prefeitura: guarda dinheiro para investir a partir do
terceiro ano de mandato.
"É uma decisão administrativamente correta. Quando o prefeito
começa a gastar sem caixa, chega
o momento em que terá dificuldades", disse Jund, que calcula haver
nos cofres municipais algo em
torno de R$ 10 bilhões -R$ 8 bilhões do Orçamento deste ano
mais R$ 2 bilhões de sobras dos
anos anteriores.
De acordo com o Datafolha,
54% dos mais escolarizados aprovam o governo de Maia, assim como 56% dos moradores do Rio
que têm renda familiar acima de
dez salários mínimos mensais.
Uma das características da gestão é o discurso duro que Maia
tem adotado contra a criminalidade. No último dia 10, ele publicou em jornais cariocas texto em
que apresenta propostas de segurança pública para o Rio.
Outra medida adotada pelo prefeito foi o empréstimo de R$ 191
milhões ao governo do Estado,
para ajudar a pagar o 13º salário
do funcionalismo de 2002, que está atrasado, além de investimentos em segurança.
A prefeitura aumentou neste
ano a quantidade de anúncios na
televisão, principalmente entre
19h e 20h. A secretária de Projetos
Especiais, Leila Castanheira, disse
que de janeiro último a julho próximo a prefeitura gastará R$ 1,2
milhão em anúncios televisivos.
Está sendo preparado o edital
para a contratação de uma agência de propaganda para o período
entre julho de 2003 e julho de 2004
vem. Segundo ela, serão gastos
em um ano cerca de R$ 10 milhões. No ano passado todo, os
gastos com publicidade somaram
R$ 2,2 milhões.
Para o coordenador do Fórum
do Orçamento -organização
que reúne entidades de análise de
orçamentos públicos-, Luiz Mário Behnken, dois fatores podem
atrapalhar os planos de Maia nestes dois últimos anos de mandato.
Um deles é a dívida com a
União referente a títulos vencidos.
A questão está na Justiça. Behnken avalia que a prefeitura deve
R$ 6,6 bilhões ao governo federal.
O segundo fator é a falta de um
marco para sua gestão. "Maia não
tem uma grande obra para mostrar, como teve a Linha Amarela
[via expressa entre as zonas oeste
e norte] no primeiro mandato",
disse ele, para quem o projeto do
Museu Guggenheim ainda está
longe de ser posto em prática.
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