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TRANSPORTE
Com 30% dos ônibus de SP, viações ligadas a José Ruas Vaz devem R$ 759,2 milhões e lideram ranking do instituto
Grupo concentra 65% da dívida com INSS
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo de ônibus controlado
pela família do empresário José
Ruas Vaz é líder, disparado, do
ranking do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) sobre as empresas de ônibus de São Paulo que
mais devem à Previdência Social.
Ruas mantém 30% dos ônibus
da capital paulista, mas concentra
65% dos débitos entre as viações
que operavam até março deste
ano. A dívida dele, segundo a Superintendência do INSS em São
Paulo, beira R$ 759,2 milhões
-dinheiro suficiente para a compra de 5.000 ônibus novos, ou seja, metade da frota paulistana.
O empresário, que já atende o
maior número de passageiros do
transporte coletivo paulistano,
pode até ampliar seu domínio no
setor depois da licitação lançada
pela gestão Marta Suplicy (PT)
para selecionar os futuros operadores por até 15 anos.
Suas empresas de ônibus entraram em quatro dos oito lotes em
que São Paulo foi dividida. Os resultados finais ainda não foram
divulgados, mas existe apenas um
consórcio habilitado em cada.
Os quatro lotes em que a família
Ruas participa representam mais
da metade do sistema de ônibus
na capital. O grupo participa sozinho em dois. Nos demais, divide a
operação com viações pequenas.
Ruas também foi um dos quatro
empresários envolvidos na transferência de viações ao Uruguai,
conhecido paraíso fiscal, conforme revelou a Folha na última semana. A operação poderá proteger os sócios de um arresto de
bens por conta de dívidas e ações
judicias no Brasil -já que, pela lei
uruguaia, os nomes dos donos
podem ser mantidos sob sigilo.
"Portugueses" e "mineiros"
O levantamento das dívidas dos
últimos dez anos das empresas de
ônibus foi apresentado anteontem pelo superintendente do
INSS em São Paulo, Carlos Eduardo Gabas, ao secretário dos
Transportes, Jilmar Tatto.
Considerando as 82 viações que
prestaram serviços na capital
paulista desde então, ele atinge R$
2,445 bilhões. Entre as que atuavam no mês passado, os valores
alcançam R$ 1,177 bilhão.
A relação apresentada por Gabas é dividida pelos quatro principais grupos do transporte paulistano nos últimos anos: dois ligados aos "portugueses" (José Ruas
Vaz e Belarmino Marta) e dois aos
"mineiros" (Constantino e Romero Niquini, sucessor de Baltazar José de Souza). Esses apelidos
se referem às origens deles.
No ranking do INSS, as viações
"independentes" e que ainda
prestam serviços têm só 5,1% dos
débitos -R$ 59,8 milhões.
Na gestão Marta Suplicy, os
"mineiros" perderam poder e estarão, ao menos oficialmente, fora
da licitação do novo sistema de
transporte que a prefeitura quer
implantar até julho. Já os "portugueses" ganharam espaço.
As empresas de Constantino ou
de sucessores dele que ainda operam aparecem na segunda posição entre os devedores da Previdência Social, com débitos de R$
224 milhões -19% do total. A família Constantino também é dona da companhia aérea Gol. Nos
últimos dois anos, a maioria das
empresas que ela controlava foi
repassada a executivos do grupo.
Em 2003, ao menos três delas (Cidade Tiradentes, Santo Amaro e
Parque Ibirapuera) viraram alvo
de investigação policial por terem
"quebrado" e, em seguida, sido
vendidas a "laranjas" -incluindo
um eletricista que já havia morrido e um estelionatário.
Belarmino Marta, dono de 10%
da frota paulistana, está na terceira posição do ranking, com dívidas de R$ 100 milhões -8,5% do
total. Já Romero Niquini, que tinha perto de 20% dos ônibus, mas
cujos contratos foram rompidos
pela prefeitura há seis meses, aparece com R$ 34,6 milhões -2,9%.
A Folha tentou contato com os
empresários na tarde de ontem,
mas não obteve resposta. O grupo
Ruas recebeu as questões por e-mail, que não foi respondido.
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