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ÁGUAS DO CAOS
Desalojados em Marabá estão em abrigos superlotados; há 19 mil pessoas fora de suas casas no Estado
Desabrigado pela chuva no Pará espera em barraco de lona
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)
Sem prazo para retornar às suas
casas, as famílias desabrigadas pelas chuvas que atingem Marabá
(PA) nas últimas semanas estão
instaladas em abrigos superlotados sem nenhum tipo de infra-estrutura básica. Além disso, por
conta do consumo e do contato
com a água das enchentes, ficam
sujeitas a doenças, como gripe,
diarréia, dengue e malária.
Marabá é o principal município
do sudeste do Pará e o que possui
o maior número de famílias desalojadas (1.788) e desabrigadas
(451) por conta das recentes enchentes e enxurradas no Estado.
O bairro mais afetado é o conhecido como Velha Marabá. Lá,
só restaram as famílias que vivem
em sobrados. As demais foram levadas a abrigos da região. Um deles é o da Feirinha, com cerca de
200 famílias, de onde os desabrigados vêem suas casas debaixo
d'água. Ali, todos estão em barracos de lona, montados sobre a terra e em meio a canais de esgoto a
céu aberto. Crianças brincam à
beira do rio, onde há lixo.
O coordenador da Defesa Civil
de Marabá, Francisco Ribeiro Alves, admite a falta de infra-estrutura e os riscos de proliferação de
doenças. "Não tem outro lugar
para colocar as famílias. É uma situação humilhante, e não podemos dar condição melhor."
Nos últimos três dias, pela diminuição do ritmo das chuvas, o nível do rio Tocantins baixou cerca
de 40 centímetros. Agora está 11,9
metros acima de seu patamar
normal. Até que o nível atinja seu
nível normal e todo o lamaçal seja
retirado das casas, as famílias devem permanecer por pelo menos
mais um mês nos abrigos.
"Somos muito maltratados. A
prefeitura não coloca ninguém
para lavar os banheiros. A sujeira
fica espalhada", diz Patrícia dos
Anjos, 23, que está no abrigo.
Chuvas no Estado
No Pará, 16 municípios estão
em situação de emergência, e outros três, em estado de alerta.
Até agora, pelo menos oito pessoas -três crianças- morreram
devido às enchentes e enxurradas.
No Estado, há 5.000 desabrigados e 14 mil desalojados.
A previsão é de mais chuva pelo
menos até quarta, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
Colaborou a Agência Folha
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