São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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ÁGUAS DO CAOS

Desalojados em Marabá estão em abrigos superlotados; há 19 mil pessoas fora de suas casas no Estado

Desabrigado pela chuva no Pará espera em barraco de lona

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)

Sem prazo para retornar às suas casas, as famílias desabrigadas pelas chuvas que atingem Marabá (PA) nas últimas semanas estão instaladas em abrigos superlotados sem nenhum tipo de infra-estrutura básica. Além disso, por conta do consumo e do contato com a água das enchentes, ficam sujeitas a doenças, como gripe, diarréia, dengue e malária.
Marabá é o principal município do sudeste do Pará e o que possui o maior número de famílias desalojadas (1.788) e desabrigadas (451) por conta das recentes enchentes e enxurradas no Estado.
O bairro mais afetado é o conhecido como Velha Marabá. Lá, só restaram as famílias que vivem em sobrados. As demais foram levadas a abrigos da região. Um deles é o da Feirinha, com cerca de 200 famílias, de onde os desabrigados vêem suas casas debaixo d'água. Ali, todos estão em barracos de lona, montados sobre a terra e em meio a canais de esgoto a céu aberto. Crianças brincam à beira do rio, onde há lixo.
O coordenador da Defesa Civil de Marabá, Francisco Ribeiro Alves, admite a falta de infra-estrutura e os riscos de proliferação de doenças. "Não tem outro lugar para colocar as famílias. É uma situação humilhante, e não podemos dar condição melhor."
Nos últimos três dias, pela diminuição do ritmo das chuvas, o nível do rio Tocantins baixou cerca de 40 centímetros. Agora está 11,9 metros acima de seu patamar normal. Até que o nível atinja seu nível normal e todo o lamaçal seja retirado das casas, as famílias devem permanecer por pelo menos mais um mês nos abrigos.
"Somos muito maltratados. A prefeitura não coloca ninguém para lavar os banheiros. A sujeira fica espalhada", diz Patrícia dos Anjos, 23, que está no abrigo.

Chuvas no Estado
No Pará, 16 municípios estão em situação de emergência, e outros três, em estado de alerta.
Até agora, pelo menos oito pessoas -três crianças- morreram devido às enchentes e enxurradas.
No Estado, há 5.000 desabrigados e 14 mil desalojados.
A previsão é de mais chuva pelo menos até quarta, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.


Colaborou a Agência Folha

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