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Testemunhas acusam médico de abuso sexual
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No segundo dia do julgamento do médico Farah Jorge Farah, acusado de matar e esquartejar uma paciente em 2003,
duas testemunhas disseram,
durante depoimento, ter sido
molestadas por ele durante cirurgias. Uma delas afirmou que
o médico praticou sexo oral
com ela quando estava sedada.
Farah Jorge Farah é acusado
de matar Maria do Carmo Alves, 46, e ter usado bisturi e
pinças para dissecar o corpo
dela. Segundo ele, a paciente o
perseguia há cinco anos, desde
que tiveram um relacionamento amoroso, e ele agiu em legítima defesa. A família dela nega.
O advogado do cirurgião, Roberto Podval, afirmou que as
acusações das mulheres surgiram após a morte de Maria do
Carmo e que todos os processos
movidos por elas contra o médico foram arquivados. "Isso
está sendo trazido para manchar a reputação dele", disse.
O promotor Alexandre Marcos Pereira afirmou que os depoimentos das mulheres foram
"chocantes". "Quem conhecia
socialmente o doutor Farah
não podia imaginar que atrás
daquela imagem se escondia
um pervertido", declarou.
Ontem, uma sobrinha do médico e duas recepcionistas que
trabalharam com ele afirmaram em juízo que Maria do Carmo ligava constantemente para
o consultório médico e para casas de familiares dele. As recepcionistas afirmaram que Maria
do Carmo aparecia sem avisar
na clínica e que o médico registrou boletins de ocorrência.
A sobrinha de Farah, Tânia
Maria Homsi, contou que, após
o crime, o médico ligou para ela
e disse o que tinha feito e onde
o corpo estava escondido. Anteontem, no primeiro dia de
julgamento, o médico afirmou
que a paciente o ameaçou com
uma faca. Ele disse que reagiu e
não se lembra o que aconteceu
depois porque "surtou".
Na tarde de ontem, a defesa
passou para os jurados os filmes "Tomates Verdes Fritos" e
"Atração Fatal", que retratam
perseguições amorosas, para
mostrar como Farah se sentiu
com a suposta perseguição.
Todas as testemunhas já foram ouvidas e o julgamento deve acabar hoje, após os debates
entre acusação e defesa. Farah
é acusado de homicídio duplamente qualificado, vilipêndio e
ocultação de cadáver.
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