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SEGURANÇA
Major perde cargo no PR por considerar "acidente de trabalho" morte de rapaz
Comandante cai após agressão de PMs
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O comandante da Polícia Militar em Londrina (PR) foi afastado
ontem pelo governo do Estado
após declarar a morte de um rapaz de 20 anos, espancado por
PMs no sábado à noite, foi um
"acidente de trabalho" .
Outros 30 policiais também foram afastados das suas funções.
Dois deles, apontados como os
agressores, estão detidos no quartel da PM da cidade.
O carregador de verduras Jamys
Smith da Silva morreu dentro de
um veículo da PM após apanhar
dos policiais em casa por, segundo testemunhas, se recusar a abaixar o volume do aparelho de som.
O então comandante do batalhão da cidade, major Manuel da
Cruz Neto, foi destituído após
uma entrevista à TV Paranaense
em que chamou de "acidente de
trabalho" a morte do rapaz. "É
um fato que eu classifico como
acidente de trabalho e contra o
qual o comando vai tomar todas
as providências, não deixando
passar impune", disse.
Em nota, o governador Roberto
Requião (PMDB) disse não admitir "o distanciamento [da PM] da
comunidade, principalmente
quando esse distanciamento se
converte em abusos, em crimes
cometidos por quem tem a responsabilidade de proteger a população". Segundo o secretário da
Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a declaração "denunciou erro de postura [atitude]".
As primeiras informações da
necropsia feita no corpo de Silva
pelo IML (Instituto Médico Legal)
apontam que a morte foi causada
por uma hemorragia no fígado.
A mãe dele, Sueli da Silva, e um
amigo afirmaram que o rapaz
apanhou até ser levado a um hospital. Ela afirma ainda que um policial teria quebrado um cassetete
de madeira batendo em seu filho.
Segundo a mãe, o filho nem foi
atendido no pronto-socorro, porque já teria chegado morto. Segundo ela, os policiais esconderam a informação da morte até a
vinda de um carro do IML para
retirar o corpo do veículo da PM.
Os 30 policiais afastados são do
Batalhão de Choque e participaram da batida policial no bairro
em que Silva morava. Eles atendiam a um chamado dos vizinhos, que reclamaram de barulho. Um IPM (Inquérito Policial
Militar) foi aberto para apurar a
participação dos envolvidos.
O coordenador da Promotoria
de Investigações Criminais de
Londrina, Leonir Batisti, disse
que os dois agressores do rapaz
devem responder a inquérito por
homicídio doloso (com intenção
de matar) se o promotor do IPM
considerar que é caso para julgamento na Justiça comum.
Procurado pela Agência Folha,
o major Cruz Neto não foi localizado depois da notícia da perda
do comando.
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