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CORREDOR DA MORTE
Mudança ocorre após pressão de ONGs de defesa dos animais e do Ministério Público; 13.388 cachorros capturados ou doentes foram mortos em 2004
BH troca câmara de gás por injeção para sacrificar cão de rua
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A câmara de gás não é mais
um prenúncio desagradável
para os cães de rua de Belo Horizonte. Desde ontem a injeção
letal substitui a asfixia por monóxido de carbono para o sacrifício dos animais.
O novo processo de "eutanásia de cães" surge após reclamações de entidades de defesa
dos animais e de uma ação do
Ministério Público do Estado.
No ano passado, segundo a
Gerência de Controle de Zoonoses da prefeitura, 7.713 cachorros capturados nas ruas
foram exterminados na câmara de gás. Outros 5.675 com
leishmaniose visceral tiveram o
mesmo fim. Nove veículos recolhem por dia cerca de 90 cães
(40 errantes e 50 com leishmaniose) em Belo Horizonte.
Pela câmara de gás -demolida ontem-, o custo da morte
do animal é de R$ 5,50 -gasto
de R$ 73,6 mil em 2004. Com a
injeção letal, o custo sobre para
R$ 12 -R$ 160 mil, com base
no mesmo número de 2004.
"É uma mudança que veio
tarde", afirmou Edna Dias, da
Liga de Prevenção da Crueldade contra o Animal.
O sacrifício ocorre depois de
passados três dias sem que o
dono apareça, segundo lei municipal. Em 2004, só 15,8% dos
cães foram resgatados pelos
donos -15,2% em 2003. Das
mortes, 99% são de cachorros.
Em julho de 2003, o Ministério Público citava uma "política
de extermínio de animais" e
pedia em ação a suspensão do
abate de animais sadios.
O órgão pediu ainda que animais com doenças não fossem
levados para a câmara de gás
sem sedação, o que ocorria pelo menos desde 1974. Depois de
proposta a ação, a prefeitura
passou a sedar os cães doentes.
O Ministério Público perdeu
a ação em 1ª instância, mas, em
dezembro passado, o Tribunal
de Justiça acatou recurso e determinou que o sacrifício seja
feito só "por decisão alicerçada
em laudo veterinário". A prefeitura vai recorrer e alegar
"questão de saúde pública".
A gerente de Controle de
Zoonoses, Silvana Brandão,
disse ser "impossível" produzir
laudos para todos os cães. Ela
disse que o município já está
"adaptando sua política aos
novos tempos", com ampliação da esterilização, construção de um novo CCZ e campanhas de "posse responsável".
Curitiba
Curitiba, para conter a população canina (cerca de 240 mil),
lançou em 2000 uma campanha de castração que já operou
4.200 animais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) admite um cão para cada dez habitantes. Curitiba está acima:
um para sete moradores.
Colaborou a Agência Folha, em Curitiba
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