São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005

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CORREDOR DA MORTE

Mudança ocorre após pressão de ONGs de defesa dos animais e do Ministério Público; 13.388 cachorros capturados ou doentes foram mortos em 2004

BH troca câmara de gás por injeção para sacrificar cão de rua

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

A câmara de gás não é mais um prenúncio desagradável para os cães de rua de Belo Horizonte. Desde ontem a injeção letal substitui a asfixia por monóxido de carbono para o sacrifício dos animais.
O novo processo de "eutanásia de cães" surge após reclamações de entidades de defesa dos animais e de uma ação do Ministério Público do Estado.
No ano passado, segundo a Gerência de Controle de Zoonoses da prefeitura, 7.713 cachorros capturados nas ruas foram exterminados na câmara de gás. Outros 5.675 com leishmaniose visceral tiveram o mesmo fim. Nove veículos recolhem por dia cerca de 90 cães (40 errantes e 50 com leishmaniose) em Belo Horizonte.
Pela câmara de gás -demolida ontem-, o custo da morte do animal é de R$ 5,50 -gasto de R$ 73,6 mil em 2004. Com a injeção letal, o custo sobre para R$ 12 -R$ 160 mil, com base no mesmo número de 2004.
"É uma mudança que veio tarde", afirmou Edna Dias, da Liga de Prevenção da Crueldade contra o Animal.
O sacrifício ocorre depois de passados três dias sem que o dono apareça, segundo lei municipal. Em 2004, só 15,8% dos cães foram resgatados pelos donos -15,2% em 2003. Das mortes, 99% são de cachorros.
Em julho de 2003, o Ministério Público citava uma "política de extermínio de animais" e pedia em ação a suspensão do abate de animais sadios.
O órgão pediu ainda que animais com doenças não fossem levados para a câmara de gás sem sedação, o que ocorria pelo menos desde 1974. Depois de proposta a ação, a prefeitura passou a sedar os cães doentes.
O Ministério Público perdeu a ação em 1ª instância, mas, em dezembro passado, o Tribunal de Justiça acatou recurso e determinou que o sacrifício seja feito só "por decisão alicerçada em laudo veterinário". A prefeitura vai recorrer e alegar "questão de saúde pública".
A gerente de Controle de Zoonoses, Silvana Brandão, disse ser "impossível" produzir laudos para todos os cães. Ela disse que o município já está "adaptando sua política aos novos tempos", com ampliação da esterilização, construção de um novo CCZ e campanhas de "posse responsável".

Curitiba
Curitiba, para conter a população canina (cerca de 240 mil), lançou em 2000 uma campanha de castração que já operou 4.200 animais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) admite um cão para cada dez habitantes. Curitiba está acima: um para sete moradores.


Colaborou a Agência Folha, em Curitiba

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