|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA /PESQUISA
Poder tem "muita responsabilidade" pelos ataques, indica Datafolha; Lula é "muito responsável" para 39% e Alckmin, para 37%
55% dos paulistanos culpam o Judiciário
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Poder Judiciário tem "muita
responsabilidade" pelos ataques
da facção criminosa PCC que culminaram com o pânico que paralisou São Paulo anteontem. Essa
avaliação é compartilhada por
55% dos paulistanos, como revela
pesquisa Datafolha feita ontem
com 553 entrevistados.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparecem
em posições similares entre aqueles que consideram que eles tiveram "muita responsabilidade"
pelos episódios de violência que
começaram na última sexta e arrefecem desde ontem. Lula teve
"muita responsabilidade" segundo 39%; Alckmin é apontado nessa condição por 37%. Já o governador Cláudio Lembo (PFL) é citado por 30% nessa mesma categoria -a dos que tiveram muita
responsabilidade pelos episódios.
Negociação desaprovada
O governo negociou com o PCC
na opinião de 65% dos paulistanos, de acordo com a pesquisa. A
Secretaria da Segurança Pública
do Estado afirma que não houve
acordo com os bandidos. Alega
que o término sincronizado das
rebeliões nos presídios anteontem foi obra do acaso.
Para 42%, o governo agiu mal
ao sentar-se para negociar com
criminosos que provocaram dezenas de mortes no Estado; 21%,
porém, acham que agiu bem.
Terror e medo são as palavras
mais citadas quando se pergunta
o que vem à cabeça dos entrevistas ao relembrarem o dia de anteontem: elas foram mencionadas
por 11%.
Na opinião de 73% dos entrevistados, o governador Lembo deveria ter aceitado a oferta do governo federal de enviar tropas do
Exército para São Paulo.
Se é poupado no quesito responsabilidade, Lembo é considerado ruim ou péssimo por 56%
quando se pede que a população
avalie a maneira como conduziu a
crise. Só 12% consideram que seu
desempenho foi ótimo ou bom,
enquanto 26% avaliam que sua
atuação foi regular.
A avaliação de 46% dos paulistanos é que o governo do presidente Lula não está empenhado
em resolver o problema da criminalidade nas cidades brasileiras.
Só 17% dos paulistanos dizem
que Lula está "muito empenhado" em buscar soluções para a
questão da criminalidade.
A situação do então presidente
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) em 2000 era ainda pior:
58% enquadravam-no na categoria dos que não estavam empenhados em resolver a questão da
violência nas grandes cidades.
Pena de morte
Os ataques praticamente não alteraram o percentual dos que defendem a pena de morte: 56%
apóiam a medida. Em dezembro
de 2003, eram 59%. O percentual
mais alto dos que defendem a pena de morte foi apurado em uma
pesquisa de 1989: 73%.
A imagem da Polícia Militar
também não sofreu abalos pelo
levante do PCC: 56% têm mais
medo do que confiança nessa instituição, segundo a pesquisa de
ontem. Em 2003, eram 54%. O recorde desse índice nas pesquisas
feitas pelo Datafolha é de 1997,
quando 74% dos entrevistados diziam ter mais medo do que confiança na polícia.
Durante o ápice da crise do
PCC, no entanto, 18% diziam ter
mais medo da polícia do que dos
bandidos, enquanto 57% afirmavam o inverso. Já 18% dos paulistanos dizem ter medo da polícia e
dos bandidos na mesma proporção. Só 6% afirmam não ter medo
de nenhum dos dois.
Desde a última sexta-feira, 6%
dos paulistanos afirmam ter sido
parados na rua para serem revistados por policiais. Entre esses,
3% afirmam ter sentido medo durante a operação.
Desempenho da PM
A avaliação da eficiência da Polícia Militar aumentou em relação
à pesquisa feita em 2002. Agora,
14% consideram a instituição
"muito eficiente" na prevenção de
crimes, enquanto 18% fazem o
mesmo tipo de avaliação no que
se refere ao combate ao crime.
Em 2002, 14% avaliavam a PM
"muito eficiente" no combate e
9% tinham esse tipo de julgamento sobre a prevenção.
Um quarto da população da cidade, no entanto, desaprova a PM
e considera a instituição "nada
eficiente" tanto na prevenção dos
crimes quanto no combate.
O percentual dos que tomaram
conhecimento dos ataques do
PCC é um dos mais altos na história das pesquisas do Datafolha:
atinge 99%. Acreditam estar
"bem informados" 58% dos paulistanos entrevistados.
A organização dos ataques foi
feita pelo PCC, de acordo com
45% dos paulistanos. Já 18%
apontam genericamente "bandidos" como os autores dos episódios violentos.
Texto Anterior: Fechada central onde telefones eram clonados Próximo Texto: Para 85%, a violência afetou rotina da família Índice
|