|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA /LEGISLAÇÃO
Em resposta às ações em SP, Senado e Câmara pretendem pôr em votação imediata propostas que endurecem a legislação penal
Congresso apressa votação de projetos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Congresso decidiu ontem pôr
em votação imediata pacotes de
medidas que visam endurecer a
legislação penal em resposta às
ações ocorridas em São Paulo.
No Senado, a elaboração do pacote foi acertada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça),
cujo presidente, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), incumbiu
Demóstenes Torres (PFL-GO) de
apresentar um relatório, em 48
horas, com os projetos prioritários que já tramitam na Casa.
Mais tarde, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acertou com os líderes dos
partidos que as votações na CCJ,
marcadas para hoje e amanhã, terão caráter terminativo, isto é, seguem direto para a Câmara.
Segundo Demóstenes, serão listados 30 projetos. Ele avalia que
pelo menos oito deverão ser
aprovados de imediato, sem resistências. Na sessão de hoje, Demóstenes apontará como prioridade a aprovação de um projeto
de lei que prevê a criação do
RDMax (Regime de Segurança
Máxima).
O projeto recupera a espinha de
uma antiga proposta do Senado,
que gerou polêmica e foi recusada
pela Câmara em 2003.
O principal ponto é a ampliação
do isolamento do preso de alta
periculosidade por 720 dias, prazo que poderá ser prorrogado por
tempo indeterminado pelo juiz.
A matéria estipula a criação de
um serviço de inteligência penitenciária, subordinado ao Ministério Público, e transfere às operadoras de celulares a obrigatoriedade de instalarem bloqueadores nos arredores de presídios.
Outro ponto que deverá ser votado é a exigência de a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
fiscalizar a atuação de advogados
de presos ligados ao crime organizado -as conversas ocorrerão
por interfone e serão gravadas.
À tarde, líderes dos partidos e o
presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também acertaram um pacote de emergência
na área de segurança pública.
Foram escolhidos dois projetos
de lei para serem votados em caráter de urgência. O mais polêmico é o que obriga todas as pessoas
que entrarem em presídios a passar por revistas. O endereço é certo: os advogados. O outro projeto
prevê que o uso de celulares em
presídios será considerado crime.
Apesar do acordo dos líderes,
não há garantia de que os projetos serão votados, já que o ano legislativo na prática acaba em junho, com a campanha eleitoral.
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, disse ontem temer a "legislação de pânico", feita
em decorrência de momentos de
crise. Segundo ele, é preciso cuidado para não ceder a esse tipo de
medida porque as leis precisam
ser feitas com "calma e harmonia
para manter o sistema penal íntegro e em condições de operar".
O Ministério Público Estadual
acredita que só uma maior rigidez na legislação penal pode evitar nova série de ataques do PCC
em São Paulo. Para isso, propõe
diversas alterações na lei.
O procurador-geral Rodrigo
César Rebello Pinho quer mudanças, por exemplo, no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Atualmente, os presos podem ficar nesse regime por um ano, sendo prorrogável por mais um ano.
Pinho defende que as "lideranças
negativas" cumpram pena no
RDD por tempo indeterminado.
Outra alteração é que a morte de
agente de Estado seja considerada
homicídio qualificado, com pena
mínima de 20 anos. As propostas
serão levadas ao Senado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Texto Anterior: Opinião - Gilberto Dimenstein: O problema não é o PCC Próximo Texto: Agentes de presídios ameaçam paralisação Índice
|