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Comissão do Senado vincula recursos para segurança
Projeto prevê que União aplique 10% do Orçamento; Estados, 7%; DF, 5%; e municípios, 1%
Segundo relator, medida significa aumento de R$ 1 bi nos investimentos; proposta ainda tem de ser votada
no plenário em 2 turnos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado
aprovou ontem proposta de
emenda constitucional que
vincula recursos dos Orçamentos da União, de Estados e de
municípios para a segurança
pública. A matéria ainda tem de
ser votada no plenário da Casa
em dois turnos.
Pela proposta, a União terá
de aplicar anualmente pelo menos 10% da receita resultante
de impostos nessa área; os Estados, 7%; o Distrito Federal,
5%; e os municípios, 1%. Isso
valerá por cinco anos e os recursos serão destinados às polícias federal, rodoviária, civil,
militar e aos bombeiros.
Serão deduzidos da base de
cálculo os 18% que a União e os
25% que Estados e municípios
já são obrigados a aplicar em
educação. A União descontará
também os valores transferidos
a Estados, municípios e ao Distrito Federal. O mesmo acontecerá com os Estados em relação
aos municípios.
A proposta aprovada ontem é
de autoria do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Segundo o relator do projeto,
Demóstenes Torres (DEM-GO), a medida significará um
aumento de cerca de R$ 1 bilhão nos investimentos em segurança pública. "Não é um valor astronômico, mas pode trazer melhorias para a segurança
pública no Brasil", disse. Ainda
de acordo com ele, a União aplicou cerca de R$ 9 bilhões nessa
área no ano passado. Demóstenes afirmou que a vigência de
cinco anos da vinculação servirá para a sociedade avaliar sua
pertinência.
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
votou contra a proposta. Para
ele, qualquer tipo de vinculação
"é extremamente prejudicial à
eficiência de um governo ou de
uma boa administração".
Com exceção de Jefferson
Péres (PDT-AM), que se absteve, os demais senadores presentes votaram a favor por considerarem a medida emergencial e por ser temporária.
"Minha preocupação é com o
engessamento dos Orçamentos
federal, estaduais e municipais.
Já temos vinculações para saúde e educação. Eu me pergunto
o que sobra para investimento
em outras áreas necessitadas
de recursos públicos", afirmou
Péres.
A proposta original destinava
percentuais maiores para a segurança pública, mas a base de
sustentação do governo conseguiu reduzir o montante. "A
vinculação engessa o Orçamento e retira do Congresso Nacional a capacidade de legislar",
afirmou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Em 13 de fevereiro, o plenário do Senado aprovou um projeto que proíbe o bloqueio de
verbas para programas de segurança pública por parte do governo federal. A medida foi enviada à Câmara dos Deputados
e não foi votada até hoje.
Essas votações foram motivadas pelo assassinato de João
Hélio Vieites, 6, em fevereiro,
no Rio. Ele foi arrastado pelas
ruas da cidade por criminosos
que roubaram o carro que sua
mãe dirigia.
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