São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Imagem de Serra empunhando fuzil em evento provoca polêmica

Governador participava de evento em homenagem a policiais militares

DA REDAÇÃO

A imagem do governador José Serra (PSDB-SP) com um fuzil, reproduzida ontem pela Folha, provocou polêmica. Serra, que, segundo assessores, nunca havia pego em arma, posou em evento para homenagear policiais da tropa de elite da PM. A Folha ouviu representantes de ONGs e institutos de pesquisa de violência sobre a foto.

 

BENÊ BARBOSA , 36, presidente do Movimento Viva Brasil "Acho que [a foto] não tem nada demais. É que se criou um tabu tão forte, tão grande sobre as armas de fogo, que qualquer autoridade que tire uma foto, como fez o Serra, acaba virando alvo de crítica. A arma é exatamente a que foi usada por policiais que salvaram vidas em Campinas. O grave é ver os traficantes empunhando armas contra a sociedade."

DENIS MIZNE, 31, diretor do Instituto Sou da Paz
"Foi um momento infeliz. Houve uma empolgação pela situação. Sempre é negativo a associação de poder a armas de fogo. Um governador que sabidamente defende o controle de armas, que nunca atirou... Foi um gesto infeliz. Não tem nenhuma gravidade, mas acaba ficando uma imagem ruim para ser estampada na capa do jornal. Vejo mais como um descuido, um deslize, do que uma intenção de valorizar a arma."

SÉRGIO MAZINA MARTINS , 46, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
"Nós não achamos que tenha algo de excepcional nessa atitude. É uma curiosidade ver como que era a mira de um fuzil, e [Serra] acabou sendo flagrado pelas câmeras. Foi uma curiosidade da parte dele, de ver como era a mira de um fuzil sofisticado. Não se pode extrair disso nenhum incentivo ao armamento ou algo semelhante."

GUARACY MINGARDI, 52, pesquisador do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente) "Acho que era perfeitamente dispensável. O que ele tem que fazer é dar o apoio que a polícia precisa, mas não precisava aparecer numa foto que irá, talvez, passar uma mensagem errada, de que o jeito de tratar esse problema é à bala. A ação do Gate foi boa no episódio [seqüestro de uma família em Campinas] que Serra foi elogiar, mas ele não precisava ter pego o fuzil."

VIVIANE DE OLIVEIRA CUBAS, 32, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP
"É uma atitude que você não espera de alguém que ocupa o cargo que ele ocupa. É um instrumento de trabalho da polícia. [A atitude] não necessariamente [estimula] a violência, mas o fascínio por armas pode ser estimulado."


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