São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Prefeitura vai desapropriar mais casas na "cracolândia"

Decreto ampliou de 105 mil m2 para 269 mil m2 o trecho de utilidade pública

Administração criou incentivos fiscais para atrair novos investimentos para a região hoje degradada, no centro de São Paulo

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com poucos avanços no projeto de revitalização da região conhecida como "cracolândia", no centro de São Paulo, a prefeitura decidiu ampliar de 10 para 27 quadras a área passível de desapropriação na área.
O decreto que aumenta de 105 mil m2 para 269 mil m2 a área de utilidade pública na "cracolândia", primeiro passo para a desapropriação, foi assinado pelo prefeito interino Antonio Carlos Rodrigues (PR), presidente da Câmara. Gilberto Kassab (DEM), o titular, está nos Estados Unidos.
A prefeitura diz que, dos 269 mil m2, 103 mil m2 são passíveis de desapropriação, pois seriam imóveis subutilizados. Na prática, excluem-se apenas as áreas institucionais (ruas, praças e prédios públicos).
Ainda na gestão José Serra (PSDB), em setembro de 2005, a prefeitura deu início ao projeto Nova Luz, que pretende recuperar a área com investimento público e privado. Para atrair empresas, a prefeitura criou incentivos fiscais.
Em abril do ano passado, o secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirmou que iria desapropriar 55 imóveis de uma área de 4.873 m2.
Até agora, a prefeitura deu início ao processo de desapropriação de 34 lotes -em quatro casos já terminou.
Na região serão erguidos edifícios para a Prodam (empresa pública de processamento de dados) e Subprefeitura da Sé e dois prédios populares (170 moradias). A administração quer esperar seis meses para que o mercado se adapte antes de iniciar as desapropriações.
A Folha apurou que o grupo Odebrecht tem interesse de construir no trecho declarado agora de utilidade pública. A construtora tentou comprar imóveis antes do decreto, mas teve dificuldades na negociação com os proprietários. Segundo o diretor da holding Paulo Melo, como os terrenos são pequenos, é preciso adquirir áreas contíguas, o que implica negociar com muita gente. ""É uma complicação."

Pouco mudou
Cerca de 20 meses após o primeiro decreto, quase nada mudou na região. São usuários de drogas dividindo espaço com grupo de sem-teto que invadiu imóveis em estado de abandono, histórias de assaltos e comerciantes descrentes. Viciados abrem sacos e espalham o lixo em busca de latinhas. Há dezenas de imóveis fechados.
""Quando o ônibus estaciona aqui, fecho o veículo e pego tudo que for meu. Os "nóias" [viciados] invadem o ônibus e levam o que acharem", contou o cobrador Vamberto Hipólito.


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