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Prefeitura vai desapropriar mais casas na "cracolândia"
Decreto ampliou de 105 mil m2 para 269 mil m2 o trecho de utilidade pública
Administração criou incentivos fiscais para atrair novos investimentos para
a região hoje degradada,
no centro de São Paulo
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com poucos avanços
no projeto de revitalização da
região conhecida como "cracolândia", no centro de São Paulo,
a prefeitura decidiu ampliar de
10 para 27 quadras a área passível de desapropriação na área.
O decreto que aumenta de
105 mil m2 para 269 mil m2 a
área de utilidade pública na
"cracolândia", primeiro passo
para a desapropriação, foi assinado pelo prefeito interino Antonio Carlos Rodrigues (PR),
presidente da Câmara. Gilberto Kassab (DEM), o titular, está
nos Estados Unidos.
A prefeitura diz que, dos 269
mil m2, 103 mil m2 são passíveis
de desapropriação, pois seriam
imóveis subutilizados. Na prática, excluem-se apenas as
áreas institucionais (ruas, praças e prédios públicos).
Ainda na gestão José Serra
(PSDB), em setembro de 2005,
a prefeitura deu início ao projeto Nova Luz, que pretende recuperar a área com investimento público e privado. Para
atrair empresas, a prefeitura
criou incentivos fiscais.
Em abril do ano passado, o
secretário de Subprefeituras,
Andrea Matarazzo, afirmou
que iria desapropriar 55 imóveis de uma área de 4.873 m2.
Até agora, a prefeitura deu
início ao processo de desapropriação de 34 lotes -em quatro
casos já terminou.
Na região serão erguidos edifícios para a Prodam (empresa
pública de processamento de
dados) e Subprefeitura da Sé e
dois prédios populares (170
moradias). A administração
quer esperar seis meses para
que o mercado se adapte antes
de iniciar as desapropriações.
A Folha apurou que o grupo
Odebrecht tem interesse de
construir no trecho declarado
agora de utilidade pública. A
construtora tentou comprar
imóveis antes do decreto, mas
teve dificuldades na negociação com os proprietários. Segundo o diretor da holding
Paulo Melo, como os terrenos
são pequenos, é preciso adquirir áreas contíguas, o que implica negociar com muita gente. ""É uma complicação."
Pouco mudou
Cerca de 20 meses após o primeiro decreto, quase nada mudou na região. São usuários de
drogas dividindo espaço com
grupo de sem-teto que invadiu
imóveis em estado de abandono, histórias de assaltos e comerciantes descrentes. Viciados abrem sacos e espalham o
lixo em busca de latinhas. Há
dezenas de imóveis fechados.
""Quando o ônibus estaciona
aqui, fecho o veículo e pego tudo que for meu. Os "nóias" [viciados] invadem o ônibus e levam o que acharem", contou o
cobrador Vamberto Hipólito.
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