São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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PF lacra 18 t de leite por suspeita de fraude

Mercadorias estavam à venda na Paraíba e em Pernambuco; soro era adicionado ao leite em pó, segundo investigações

Justiça mandou retirar do mercado nacional leite em pó da Big Leite, que embalava produto; advogado do dono da empresa não quis falar

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal lacrou ontem 18,5 toneladas de leite em pó integral embaladas pela empresa paraibana Big Leite Indústria e Comércio de Alimentos, suspeita de adulteração do produto. As mercadorias estavam à venda na Paraíba e em Pernambuco.
Anteontem, sete pessoas foram presas em operação da PF para desarticular o suposto esquema de adulteração de leite em pó. A Justiça Federal na Paraíba determinou a retirada do mercado, em todo o país, do leite em pó integral embalado pela Big Leite, que comercializava o produto sob as marcas Só Beber, Naturesse, Bom du Leite, Cilpe e Big Leite.
De acordo com investigação, a Big Leite comprava leite em pó integral em grandes quantidades e o revendia em volumes menores, substituindo cerca de 50% do produto por soro -mais barato e de valor nutricional mais baixo.
"Não é permitido adicionar soro ao leite em pó. Eles [suspeitos] fazem isso para ter mais lucros, já que o soro é bem mais barato que leite", disse a delegada Luciana Paiva.
Segundo a PF, o leite fraudado era vendido no Nordeste -em Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará e Bahia- e em Santa Catarina.
Quatro suspeitos devem chegar hoje à PF em João Pessoa para prestar esclarecimentos. Donos das empresas Milkly (BA), Via Láctea (CE), Avesul (SC) e Sanita (SC), eles são suspeitos de fornecer notas frias para que a Big Leite justificasse a suposta fraude.

Testes de qualidade
Também foram presos o dono da Big Leite, Carlos Batista Culau, um funcionário da empresa e Urbano José Araújo Dantas, funcionário do Ministério da Agricultura em Recife - suspeito de trocar o produto por leite próprio para consumo para aprovação durante testes de qualidade.
O Ministério da Agricultura informou que o consumo do leite em pó irregular não é prejudicial à saúde, mas pode acarretar desnutrição.
Além disso, a adição de produtos como açúcar e maltodextrose ao soro para torná-lo semelhante ao sabor do leite pode afetar a saúde de pessoas diabéticas ou alérgicas.
"O leite adulterado, com mais soro, tem um sabor mais adocicado por causa das substâncias adicionadas para tornar o sabor semelhante ao leite em pó", afirmou o diretor de Inspeção Animal do Ministério da Agricultura, Nelmon Oliveira da Costa.

Outro lado
A advogada Clarissa de Lima, que defende Dantas, disse ontem que só poderia falar sobre o assunto após ler o inquérito.
O advogado Luiz Farias, que defende Culau, disse não ter tempo de atender à Folha e que nenhum funcionário da Big Leite poderia falar sobre a empresa, que estava fechada.
A Folha não conseguiu falar ontem com advogados ou representantes das empresas Milkly (BA), Via Láctea (CE), Avesul (SC) e Sanita (SC).


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