|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF lacra 18 t de leite por suspeita de fraude
Mercadorias estavam à venda na Paraíba e em Pernambuco; soro era adicionado ao leite em pó, segundo investigações
Justiça mandou retirar do mercado nacional leite em pó da Big Leite, que embalava produto; advogado do dono da empresa não quis falar
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal lacrou ontem 18,5 toneladas de leite em
pó integral embaladas pela empresa paraibana Big Leite Indústria e Comércio de Alimentos, suspeita de adulteração do
produto. As mercadorias estavam à venda na Paraíba e em
Pernambuco.
Anteontem, sete pessoas foram presas em operação da PF
para desarticular o suposto esquema de adulteração de leite
em pó. A Justiça Federal na Paraíba determinou a retirada do
mercado, em todo o país, do leite em pó integral embalado pela Big Leite, que comercializava
o produto sob as marcas Só Beber, Naturesse, Bom du Leite,
Cilpe e Big Leite.
De acordo com investigação,
a Big Leite comprava leite em
pó integral em grandes quantidades e o revendia em volumes
menores, substituindo cerca de
50% do produto por soro
-mais barato e de valor nutricional mais baixo.
"Não é permitido adicionar
soro ao leite em pó. Eles [suspeitos] fazem isso para ter mais
lucros, já que o soro é bem mais
barato que leite", disse a delegada Luciana Paiva.
Segundo a PF, o leite fraudado era vendido no Nordeste
-em Estados como Paraíba,
Pernambuco, Ceará e Bahia- e
em Santa Catarina.
Quatro suspeitos devem chegar hoje à PF em João Pessoa
para prestar esclarecimentos.
Donos das empresas Milkly
(BA), Via Láctea (CE), Avesul
(SC) e Sanita (SC), eles são suspeitos de fornecer notas frias
para que a Big Leite justificasse
a suposta fraude.
Testes de qualidade
Também foram presos o dono da Big Leite, Carlos Batista
Culau, um funcionário da empresa e Urbano José Araújo
Dantas, funcionário do Ministério da Agricultura em Recife
- suspeito de trocar o produto
por leite próprio para consumo
para aprovação durante testes
de qualidade.
O Ministério da Agricultura
informou que o consumo do
leite em pó irregular não é prejudicial à saúde, mas pode acarretar desnutrição.
Além disso, a adição de produtos como açúcar e maltodextrose ao soro para torná-lo semelhante ao sabor do leite pode
afetar a saúde de pessoas diabéticas ou alérgicas.
"O leite adulterado, com
mais soro, tem um sabor mais
adocicado por causa das substâncias adicionadas para tornar
o sabor semelhante ao leite em
pó", afirmou o diretor de Inspeção Animal do Ministério da
Agricultura, Nelmon Oliveira
da Costa.
Outro lado
A advogada Clarissa de Lima,
que defende Dantas, disse ontem que só poderia falar sobre o
assunto após ler o inquérito.
O advogado Luiz Farias, que
defende Culau, disse não ter
tempo de atender à Folha e que
nenhum funcionário da Big
Leite poderia falar sobre a empresa, que estava fechada.
A Folha não conseguiu falar
ontem com advogados ou representantes das empresas
Milkly (BA), Via Láctea (CE),
Avesul (SC) e Sanita (SC).
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Procuradoria apura menções a esquadrão da morte no Orkut Índice
|