São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desapropriações emperram obras de Kassab

As reformas da cracolândia e do parque Dom Pedro não serão concluídas no atual mandato, que termina neste ano

Os projetos, que integram o plano de revitalização do centro de SP, dependem de desapropriações de prédios para posterior demolição

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois projetos de mais visibilidade da gestão Gilberto Kassab (DEM) para a revitalização do centro de São Paulo -as reformas da cracolândia e do parque Dom Pedro- estão emperrados devido à lentidão das desapropriações e não serão concluídos no atual mandato, que termina neste ano.
A revitalização da cracolândia -rebatizada pelo governo de Nova Luz-, anunciada em 2005 para ser feita em um prazo de quatro a cinco anos, anda a passos lentos.
Como a burocracia emperra o processo, a prefeitura decidiu mudar a estratégia: vai transferir para a iniciativa privada o direito de fazer as desapropriações na área, em um modelo inédito no Brasil chamado concessão urbanística -que ainda precisará ser aprovado pela Câmara Municipal.
Pelo projeto, o governo transfere para a iniciativa privada, por meio de uma licitação, o direito de fazer as desapropriações. Em troca, a empresa (ou grupo de empresas) tem de fazer determinadas obras que serão relacionadas já no edital da licitação.
A estimativa é que somente no final do segundo semestre a licitação da concessão urbanística seja aberta. Se tudo correr bem, no ano que vem começarão as demolições.
A previsão é que todas as desapropriações custem cerca de R$ 100 milhões -são 103 mil m2 a R$ 900 a R$ 1.200 o m2, dependendo do setor.

Parque Dom Pedro
A reforma do Parque Dom Pedro também está emperrada por causa da demora em concluir as desapropriações dos 144 apartamentos do edifício Mercúrio, prédio "colado" ao São Vito, bem em frente ao Mercado Municipal.
Nesse caso, a prefeitura precisa esperar a conclusão do processo para iniciar a demolição dos dois edifícios.
O local onde hoje estão os prédios será transformado em uma praça com equipamentos culturais, como livraria e auditório, no subsolo. A prefeitura quer integrar o Mercado Municipal, o parque Dom Pedro e a zona cerealista, no Brás.
Outra etapa do projeto é a demolição do viaduto Diário Popular. A alternativa viária encontrada para substituir o viaduto é a construção de dois pontilhões que vão ligar os dois lados do rio, na av. do Estado.
A construção dos pontilhões está prevista para terminar até outubro. O viaduto será demolido em seguida.
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, admite que a burocracia das desapropriações atrasa o processo, mas nega que os projetos estejam parados. "Já fizemos e estamos fazendo muita coisa."
Em outubro, Kassab até operou um trator para simbolizar o início das demolições na cracolândia -região no centro de São Paulo que se notabilizou pelo consumo de drogas a céu aberto, situação que persiste, com menor intensidade.
A intenção da prefeitura era desapropriar toda a região e vendê-la, em um único lote, para a iniciativa privada. Em seguida, a maioria dos imóveis seria demolida para a construção de um novo bairro, com áreas residenciais e comerciais.
Em duas quadras, onde serão construídas as sedes da Prodam (empresa de processamento de dados do município) e da Subprefeitura da Sé, as desapropriações foram concluídas, mas as demolições -aquelas iniciadas por Kassab em outubro- estão paradas, aguardando pareceres dos órgãos de preservação do patrimônio sobre dois imóveis tombados.
Já a nova sede da GCM (Guarda Civil Metropolitana) está em andamento. O prédio foi desapropriado, a reforma está em fase final e a corporação poderá se mudar em junho.


Texto Anterior: Água: Poluição no rio Cotia interrompe fornecimento
Próximo Texto: Cracolândia: Ruas e áreas comerciais serão reformadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.