São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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Acordo cancela greve de motoristas e cobradores em SP

Categoria aceitou a proposta de reajuste salarial de 7,5% e pôs fim à greve anunciada para começar na segunda-feira

Com acordos, motoristas passam a receber R$ 1.374, e cobradores, R$ 752; aumento retroativo a 1º de maio poderá ser pago até 30 de agosto

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo aceitaram a proposta de reajuste salarial de 7,5% e cancelaram a greve que começaria na segunda-feira. A decisão foi tomada em assembléia ontem à tarde.
"Segunda-feira os ônibus estarão nas ruas. A população pode ficar tranqüila", disse o diretor do Sindmotoristas (sindicato dos motoristas e cobradores, filiado à Nova Central Sindical) Naílton Francisco de Souza. A categoria havia decretado "estado de greve" na terça-feira.
Embora inferior aos 10,54% pedidos inicialmente, o acordo foi avaliado pelo Sindmotoristas como "muito bom". Motoristas passam a receber R$ 1.374. Cobradores receberão R$ 752. O aumento, retroativo ao dia 1º de maio, poderá ser pago até 30 de agosto.
O reajuste foi 0,5 ponto percentual superior à proposta colocada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) na terça-feira. Até então, a contraproposta do SPUrbanuss (sindicato patronal) era de cerca de 4%.
O acordo inclui ainda R$ 400 de participação em lucros e receitas das empresas, aumento de R$ 9 para R$ 10 do vale-refeição e melhorias na cesta básica e no plano de saúde.
Por ter aceito a proposta sem nova paralisação, o Sindmotoristas foi dispensado de pagar multa pelas duas manifestações das últimas duas semanas, que pararam cerca de 430 das 978 linhas de São Paulo.
Anteontem, porém, o acerto esteve prestes a não sair. Após audiência no TRT com a desembargadora Wilma Nogueira Vaz da Silva, o presidente do sindicato, Isao Hosogi, resolveu não assinar o acordo -disse à juíza que precisaria consultar novamente a categoria.
Houve discussão entre os dois, e o acordo foi encaminhado à homologação sem anuência do sindicalista. Cerca de 50 motoristas e cobradores presentes à audiência protestaram. A desembargadora solicitou a presença da Polícia Federal, que não chegou a agir.
O TRT já havia fixado multa diária de R$ 200 mil e determinado que os motoristas mantivessem 90% da frota nas ruas em caso de novos protestos. Em resposta, Hosogi disse que "não iria deixar de defender a categoria para cumprir determinação da Justiça".
O Sindmotoristas tem como parceiro o instituto "O Resgate", presidido pelo ex-dirigente sindical Edivaldo Santiago, que participou das negociações.
Santiago comandou os motoristas e ganhou notoriedade nas duas últimas décadas pelo radicalismo e por ter articulado seqüências de greves que pararam a cidade nas gestões Luiza Erundina (1988-1992) e Marta Suplicy (2001-2004).
Em 2003, ele e outros sindicalistas -entre eles Hosogi- chegaram a ser presos pela Polícia Federal sob a acusação de forjar greves com empresários para pressionar a prefeitura a conceder subsídios e elevar o preço da passagem.


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