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LINDINALVA DE ASSIS (1951-2008)
"Dinha do Acarajé", soberana na Bahia
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Eleger o melhor acarajé
da Bahia é tarefa temerária
e de implicações políticas,
passível de comoção regional. Mas dos que, cientes do
risco, se aventuraram a
apontar a soberana entre as
baianas do quitute, não foram poucos os que levaram
o indicador ao tabuleiro de
Lindinalva de Assis, a "Dinha do Acarajé".
Conta-se no boêmio Rio
Vermelho que a primeira a
fixar o tabuleiro por ali, e
em frente à igreja matriz, foi
sua avó Ubaldina, em 1944
-no mesmo largo de Santana onde filha e neta reinariam. A mãe morreu, a avó
adoeceu. E Dinha começou
a fazer, ela mesma, aos sete
anos, as bolinhas de feijão
fradinho, fritas no dendê,
que fervia nas tardes de Salvador -o cheiro levou e o
boato consagrou "o melhor
acarajé da Bahia".
O burburinho local, entre
verdade e onírica digestão,
diz que, "de Dercy Gonçalves a Jorge Amado e ACM",
todo mundo passou por ali
para provar o dito-cujo.
Que, a partir dos anos 80,
trouxe polêmica para o largo onde o acarajé de Cira e
Regina desandaram a fritar.
Na TV, foi "a guerra das
baianas". Para muitos, Dinha ainda reinava.
Desde 1999 os filhos tocam um restaurante, com
mesa e tudo, em frente ao
tabuleiro. E agradam aos turistas que a viam mundo
afora, desfilando como ícone da cultura baiana. Ia
sempre com o vestido de
renda branca, as contas de
orixás escorrendo pelo pescoço e os fartos lábios pintados e abertos em um sorriso
todo branco -que só se cerrou na sexta, quando ela
morreu de parada cardiorrespiratória, aos 56.
obituario@folhasp.com.br
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