São Paulo, domingo, 17 de maio de 2009

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Busca por tratamento para deixar de fumar cresce após lei

Com procura, ambulatório da Unifesp será ampliado para atender mais fumantes

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Válida a partir de 6 de agosto, a lei paulista de restrição ao cigarro já mexe com a rotina dos hospitais da capital.
Com a projeção de que mais fumantes decidam abandonar o vício, o ambulatório Prevfumo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que faz 5.000 atendimentos por ano, deverá ser ampliado.
Elevará em 25% a carga horária de cada membro de sua equipe, que passará de 17 para 21 profissionais -médicos e psicólogos que ajudam dependentes a parar de fumar.
Em programas semelhantes de tratamento de tabagismo do InCor e do Hospital Universitário da USP, a procura já aumentou -cerca de 30% no primeiro e 20% no segundo- desde o início de abril, quando a Assembleia aprovou as restrições ao cigarro.
Proposta pelo governador José Serra (PSDB), a lei banirá o cigarro de locais fechados como bares, restaurantes e empresas, que podem ser punidos com até 30 dias de fechamento.
"As pessoas que nos procuram têm citado a lei como motivação para deixar de fumar. Dizem que será ruim ir a um barzinho e não poder acender um cigarro, então já pensam em largar o vício de vez", diz a médica Jaqueline Scholz Issa, diretora do Programa de Tratamento de Tabagismo do InCor.
Frederico Fernandes, pneumologista do Ambulatório Antitabagismo do Hospital Universitário da USP, tem a mesma percepção. "A pressão para parar de fumar está aumentando com a aprovação da lei", diz.
Gratuitos, os programas de tratamento costumam registrar espera de algumas semanas para agendamento. O paciente pode ter de arcar com os remédios para deixar de fumar.
O maior número de atendimentos no InCor e no Hospital Universitário dão força à hipótese de que, diante das restrições, mais fumantes desistam do vício -e, com isso, fiquem menos doentes. Foi o que aconteceu em países onde leis semelhantes foram implantadas.
Diversos estudos apontam queda considerável de fumantes entre os moradores de Nova York. Uma pesquisa do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), do governo americano, aponta 19% menos adeptos do fumo entre os anos de 2002, antes das restrições começarem, e 2006.
A lei é estímulo para a consultora de vendas Maria Regina Penteado, que procurou o InCor há um mês e não fuma desde então. "No elevador, as pessoas já olham feio se você está com cheiro de cigarro. Com essa lei, a cobrança só vai aumentar", diz ela, para quem abandonar o vício não é fácil.


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