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Policiais usam GPS para extorsão, diz PF
Quadrilha colocava o aparelho em caminhões com carga clandestina e os monitorava pela internet para pará-los quando entrassem em SP
Ao menos quatro policiais civis do Estado são suspeitos de integrar o grupo, que extorquia dinheiro de donos de cargas contrabandeadas
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal investiga ao
menos quatro policiais civis de
São Paulo suspeitos de integrar
uma quadrilha que instala aparelhos de GPS em caminhões
que circulam com mercadorias
irregulares no Estado para extorquir dinheiro de seus donos.
Os policiais civis foram flagrados em escutas telefônicas
autorizadas pela Justiça Federal ao combinar abordagens
contra caminhões com cargas
de cigarros, eletroeletrônicos e
até mesmo de agrotóxicos.
Uma das cargas de veneno,
segundo os próprios integrantes do esquema, estava avaliada
em R$ 3,5 milhões e foi descarregada em uma fazenda de São
José do Rio Preto (438 km de
SP). Uma outra, de câmeras filmadoras, valia R$ 1,5 milhão.
Pelos grampos fica claro que
os caminhões com cargas clandestinas monitorados pela quadrilha trazem os produtos contrabandeados de países que fazem fronteira com o sul do Brasil, principalmente o Paraguai.
Até agora, a PF conseguiu
parte dos nomes dos policiais
civis: Miltinho, que era do Deic
(departamento de roubos), Luciano (conhecido na polícia
paulista como Barrichello, isso
por conta de uma suposta semelhança física com o piloto de
F-1), Ricardo e Ari. Um deles
tem um parente na Corregedoria Geral da Polícia Civil.
A PF descobriu que, a partir
do carregamento da carga, o
GPS era acionado e os integrantes da quadrilha monitoravam
os caminhões que pretendiam
atacar em tempo real, com a
utilização de computadores e
com um programa de segurança usado por empresas de
transporte legalizadas.
Assim que os caminhões entravam na jurisdição de São
Paulo, os policiais civis eram
mobilizados para ir com carros
oficiais atrás das cargas nas
quais tinham interesse.
Para conseguir os carros da
polícia, esses agentes são suspeitos de fraudar ordens de serviço (documento exigido para
usar um veículo policial numa
operação) para se deslocar até o
caminhão que pretendiam atacar, já na região metropolitana.
Quando estava nas ruas em
movimento atrás das cargas, a
quadrilha usava notebooks conectados à internet para não
perder a pista dos seus alvos.
Flagrados por acaso
Os policiais civis suspeitos de
participar do esquema foram
descobertos por acaso pela PF,
que investigava uma quadrilha
especializada em obter financiamentos irregulares de carros apreendidos em operações
do próprio órgão federal.
Doze acusados de fraudar
seis financiamentos de veículos
apreendidos em operações da
PF, no valor de R$ 186 mil, já foram denunciados à Justiça.
O grupo era comandado por
Valter de Souza, que, segundo a
PF, contava com a ajuda de um
agente federal e de um funcionário da Prodesp (companhia
de processamento de dados de
SP) para obter dados dos carros
para as fraudes. A reportagem
não conseguiu contato com a
defesa de Souza.
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