São Paulo, domingo, 17 de junho de 2001

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PÂNICO EM BARUERI

"Máquina estava num local onde não deveria estar", diz presidente da subsidiária responsável pelo duto perfurado

Petrobras vê erro em ação de empreiteira

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Transpetro, Wong Loon (Petrobras Transportes S.A.), disse ontem que o bate-estaca da empreiteira Queiroz Galvão estava no lugar errado e que isso teria provocado a perfuração de um duto em Barueri (Grande SP), o que provocou vazamento de gás e gasolina.
O acidente ocorreu quando a empreiteira fazia obras para o Rodoanel Mário Covas, serviço contratado pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/ A).
"O fato é que a máquina estava num local onde não deveria estar. Não queremos polemizar. Não poderia fazer conclusões precipitadas. Mas isso é um fato, uma realidade", afirmou o presidente da subsidiária da Petrobras responsável pelo duto.
"Todas as hipóteses são possíveis. Até falha humana. Se foi um erro humano, ou um erro dos desenhos das tubulações, vamos apurar", afirmou.
Uma comissão de técnicos da Dersa e da Petrobras começou a trabalhar ontem para apurar as causas e os responsáveis pelo acidente, que só não provocou uma tragédia porque não houve faiscamento no momento em que a máquina perfurou o duto. Ainda não se sabe a quantidade de gás e de gasolina que vazou.
Segundo técnicos da Petrobras, se o acidente tivesse provocado uma explosão, o impacto e as chamas chegariam até a pista da Castelo Branco, atingindo os carros que passassem ali no momento.

Limpeza
Desde as 8h de ontem, técnicos e engenheiros da Dersa, da Petrobras, da Queiroz Galvão, bombeiros e Defesa Civil trabalhavam para liberação do duto e para permitir o retorno das famílias retiradas do local anteontem.
Por volta das 12h, a Petrobras começou a limpar o duto internamente para eliminar os últimos bolsões de gás confinados.
Foi usado um equipamento conhecido como "pig", uma espécie de esponja que é impulsionada por um forte jato d'água, mecanismo que atravessa o tubo internamente. A operação demoraria meia hora e poderia provocar a interrupção da Castelo Branco.
Feito isso, a Queiroz Galvão e a Petrobras tirariam a estaca que provocou a perfuração.
Por volta das 13h, a Petrobras iria notificar as famílias que foram alojadas em dez hotéis em São Paulo e em Osasco.
Os 632 adultos cadastrados -as crianças não foram contadas- poderiam voltar para suas casas por volta das 15h.

Multa
A Cetesb multou ontem a construtora Queiroz Galvão em R$ 98 mil pelo vazamento de gás e gasolina em Barueri.
A empresa ainda pode recorrer. Procurada pela Folha, até as 12h15 a empreiteira não havia se manifestado sobre a decisão da Cetesb.
A Petrobras ainda não está livre de uma penalização. Técnicos da Cetesb farão durante a semana um relatório detalhado que pode apontar responsabilidades da estatal. Nesse caso, a empresa também seria multada, em um valor ainda a ser fixado.
Segunda a Cetesb, desde a 1h de ontem já não havia mais risco de explosão na área de vazamento em Barueri. O gás e a gasolina já haviam se dissipado.
Pela manhã, a Petrobras fez uma vistoria nas casas de onde foram retiradas as famílias. Também ali não havia mais nenhum confinamento de gás, e os imóveis foram liberados. Após o acidente, famílias num raio de 500 metros da perfuração foram desalojadas.



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