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Lula, Exército e senador são alvos de críticas em enterro
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
De emprego novo e com a
perspectiva de fazer as pazes
com a namorada, o auxiliar de
pedreiro Wellington Gonzaga
da Costa Ferreira, 19, esperava
com ansiedade o início desta
semana. "Hoje ia ser o dia mais
feliz da vida dele", berrava ontem Lilian Gonzaga da Costa,
inconformada, no velório do filho, conhecido como Negão.
Ferreira e os amigos Marcos
Paulo Rodrigues Campos, 17, e
David Wilson Florenço da Silva, 24, foram enterrados ontem
à tarde no cemitério São João
Batista, na zona sul do Rio.
Centenas de moradores do
morro da Providência protestavam contra o presidente Lula, o
Exército e o responsável pelo
projeto de reforma das casas do
morro, o senador e pré-candidato à prefeitura do Rio Marcelo Crivella (PRB).
Dos três jovens, dois tinham
passagem pela polícia -Ferreira por associação para o tráfico,
quando era menor de 18 anos, e
Silva por porte de arma e corrupção de menores.
"Ele [Ferreira] foi levado para a delegacia para averiguação,
quando era menor, e foi liberado. Ele não devia nada a ninguém, e ia começar a trabalhar
na obra", disse sua mãe, sobre o
projeto Cimento Social. Segundo ela, o jovem estava feliz com
a contratação e esperava fazer
as pazes com a namorada Tamires, que fez 16 anos ontem.
Na capela 9, a avó de Silva
também ressaltava a boa índole
do neto, que deixou uma filha
de seis anos que mora com a
mãe. O rapaz morava com a
avó, Benedita Florenço Monteiro, 68, que o criou.
"Ele fazia tudo por mim, me
levava no médico, no banco, no
mercado", disse. Segundo ela,
ele estava terminando o ensino
médio e, assim como Ferreira,
trabalharia nas obras da comunidade. O plano do rapaz, porém, era continuar estudando.
A poucos metros dali, na capela 7, outra avó chorava a perda do neto. Elenita Zacarias da
Silva, 64, segurava entre as
mãos um boné de Marcos Paulo Rodrigues Campos, que cursava a sexta série. "Ele era um
garoto calmo, uma pessoa boa.
A gente passa até mal [de ver o
que fizeram com ele]."
Moradores do morro da Providência desde pequenos, os jovens costumavam jogar futebol
no aterro do Flamengo ou na
Vila Olímpica da Gamboa, nas
proximidades da favela.
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