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Após 1 ano, mortes na Providência não tiveram indenização
Justiça determinou pensão a famílias de jovens mortos após serem entregues por militares a traficantes, em junho de 2008
Advocacia Geral da União solicitou que os pedidos de parentes fossem julgados improcedentes; famílias
se dizem em dificuldades
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Um ano após o assassinato de
três jovens que haviam sido entregues por 11 militares a um
grupo de traficantes, os parentes das vítimas do caso do morro da Providência, no Rio, ainda
não receberam ajuda federal.
A Justiça determinou há 11
meses o pagamento de pensão
mensal de um salário mínimo
para duas das três famílias das
vítimas, mas a União ainda não
cumpriu a decisão.
No dia 14 de junho de 2008,
militares que faziam a segurança em uma obra na favela entregaram três rapazes a traficantes do morro da Mineira (centro do Rio). A Mineira e a Providência têm pontos de venda de
drogas comandadas por facções rivais. Os corpos dos jovens foram localizados um dia
depois, num aterro sanitário.
O governo pretendia à época
editar medida provisória ou
propor projeto de lei para estipular indenizações às famílias.
Segundo o ministro Nelson Jobim (Justiça), a ideia foi abandonada porque os parentes decidiram processar a União.
Seis dias após Jobim declarar
o recuo, a Justiça Federal do
Rio decidiu, em liminar, que a
União deveria pagar um salário
mínimo às famílias de duas das
três vítimas e que os parentes
recebessem atendimento médico-psicológico. Quase 11 meses depois, nenhuma das determinações foi cumprida.
Apesar de Jobim ter afirmado à época que o governo tentaria um acordo na Justiça para
definir a indenização, a Advocacia Geral da União solicitou
que os pedidos das famílias fossem julgados improcedentes.
As famílias relatam dificuldades enquanto não recebem a
pensão. Lilian Gonzaga da Costa, 43, mãe de Wellington Gonzaga da Costa, 19, uma das vítimas, disse que largou o trabalho para cuidar do filho mais
novo, de 15 anos, após o episódio. Ela diz que o jovem cogitou
entrar no tráfico para "fazer
justiça com as próprias mãos".
A Justiça ordenou também o
pagamento de um salário mínimo à filha de David Wilson Florenço da Silva, 24, um dos mortos. A juíza negou em liminar
apenas o pedido de Maria de
Fátima Barbosa, mãe de criação de Marcos Paulo Rodrigues
Campos, 17. A Justiça ainda
não decidiu o caso.
Dos 11 militares envolvidos
no caso, só 3 estão presos.
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