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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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SAÚDE

É a primeira vez que a cirurgia no país ocorre através da doação do órgão de uma pessoa viva, uma filha da paciente

Brasil faz transplante inédito de pâncreas

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma mulher de 49 anos recebeu parte do pâncreas de uma filha, na segunda-feira, no primeiro transplante intervivos do órgão no país. A operação, que durou cerca de oito horas, foi realizada no hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba (PR). Mãe e filha passam bem.
De acordo com o hospital, todos os transplantes intervivos de pâncreas realizados até então, cerca de 130, foram feitos nos Estados Unidos. O cirurgião João Eduardo Nicoluzzi, 34, um dos sete que participaram da operação, disse que esse tipo de cirurgia continuará rara.
"Não queremos criar uma falsa expectativa. O transplante com intervivos só pode ser feito se eles tiverem compatibilidade genética e se a paciente que receber o órgão estiver num caso de extrema emergência", afirmou.
A dona-de-casa Gelcy Trentin, 49, diabética desde os 17 anos, já apresentava problemas de visão decorrentes da doença. Ela entrava em coma semanalmente e seu quadro já indicava risco de morte. A doadora de parte do novo pâncreas foi a própria filha, a professora Telma Trentin, 27.

Rotina
As duas devem receber alta ainda nesta semana. A única alteração na rotina da dona-de-casa será na medicação. Pelo resto da vida, ela deverá tomar seis comprimidos ao dia para evitar a rejeição do órgão. A comissão de ética do hospital Angelina Caron discutiu durante dois meses a realização da cirurgia.
A dona-de-casa e a professora assinaram um termo de consentimento sobre os riscos que a cirurgia apresentava. Nicoluzzi mediu os riscos ao fazer especialização em transplantes de órgãos na França . Ele também foi aos Estados Unidos conhecer esse tipo de intervenção envolvendo doadores vivos.
O transplante convencional é feito com a retirada de órgãos de doadores mortos. No Brasil, é uma cirurgia nova. Desde 1996, quando a técnica foi introduzida, 250 transplantes, em média, são realizados por ano.
O pâncreas produz uma substância chamada insulina, responsável por regular o nível de açúcar no sangue.
Nos diabéticos, células produzidas pelo próprio organismo atacam as células que produzem a insulina. Se não for tratado, o diabetes pode causar cegueira, insuficiência renal e problemas no coração. O transplante de pâncreas é feito justamente para impedir que esses problemas ocorram.


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