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SAÚDE
É a primeira vez que a cirurgia no país ocorre através da doação do órgão de uma pessoa viva, uma filha da paciente
Brasil faz transplante inédito de pâncreas
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma mulher de 49 anos recebeu
parte do pâncreas de uma filha, na
segunda-feira, no primeiro transplante intervivos do órgão no
país. A operação, que durou cerca
de oito horas, foi realizada no hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba (PR). Mãe
e filha passam bem.
De acordo com o hospital, todos
os transplantes intervivos de pâncreas realizados até então, cerca
de 130, foram feitos nos Estados
Unidos. O cirurgião João Eduardo Nicoluzzi, 34, um dos sete que
participaram da operação, disse
que esse tipo de cirurgia continuará rara.
"Não queremos criar uma falsa
expectativa. O transplante com
intervivos só pode ser feito se eles
tiverem compatibilidade genética
e se a paciente que receber o órgão
estiver num caso de extrema
emergência", afirmou.
A dona-de-casa Gelcy Trentin,
49, diabética desde os 17 anos, já
apresentava problemas de visão
decorrentes da doença. Ela entrava em coma semanalmente e seu
quadro já indicava risco de morte.
A doadora de parte do novo pâncreas foi a própria filha, a professora Telma Trentin, 27.
Rotina
As duas devem receber alta ainda nesta semana. A única alteração na rotina da dona-de-casa será na medicação. Pelo resto da vida, ela deverá tomar seis comprimidos ao dia para evitar a rejeição
do órgão. A comissão de ética do
hospital Angelina Caron discutiu
durante dois meses a realização
da cirurgia.
A dona-de-casa e a professora
assinaram um termo de consentimento sobre os riscos que a cirurgia apresentava. Nicoluzzi mediu
os riscos ao fazer especialização
em transplantes de órgãos na
França . Ele também foi aos Estados Unidos conhecer esse tipo de
intervenção envolvendo doadores vivos.
O transplante convencional é
feito com a retirada de órgãos de
doadores mortos. No Brasil, é
uma cirurgia nova. Desde 1996,
quando a técnica foi introduzida,
250 transplantes, em média, são
realizados por ano.
O pâncreas produz uma substância chamada insulina, responsável por regular o nível de açúcar
no sangue.
Nos diabéticos, células produzidas pelo próprio organismo atacam as células que produzem a insulina. Se não for tratado, o diabetes pode causar cegueira, insuficiência renal e problemas no coração. O transplante de pâncreas é
feito justamente para impedir que
esses problemas ocorram.
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