São Paulo, terça-feira, 17 de julho de 2007

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Polícia do Rio matou 25% mais no primeiro semestre; crimes caíram

Foram 652 mortes entre janeiro e junho, contra 520 em igual período de 2006

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio matou 25,4% mais no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2006, enquanto houve redução na maioria dos crimes violentos no Estado, incluindo a morte de policiais em serviço.
Balanço das ocorrências divulgado ontem pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) mostra que 652 pessoas morreram em suposto confronto com a polícia entre janeiro e junho. Em igual período de 2006, foram 520 mortes. A maioria das mortes em confronto ocorreu na capital -foram 336 em 2006 e 446 em 2007.
Além das mortes decorrentes da ação policial, os únicos crimes que registraram elevação em 2007 em relação a 2006 foram os de roubo a transeunte, que passou de 22,19 mil casos para 24,44 mil, furtos (67,25 mil para 70,58 mil) e extorsão mediante seqüestro, que passou de 2 para 3.
A comparação entre os dois períodos é parcialmente distorcida pelos registros dos meses de maio e junho, que excluem as estatísticas das delegacias não informatizadas, que representam 65 do total de 165.
Reportagem publicada ontem pela Folha mostrou que o índice de mortos pela polícia do Rio entre janeiro e abril foi quatro vezes superior à média internacional, segundo estudo do professor da Universidade de Nova York, Paul Chevigny. Para cada grupo de 41 pessoas mortas pelas forças de segurança, morreu um policial.
A diretora do ISP, Ana Paula Miranda, atribuiu o aumento do número de mortes em confronto à intensificação das ações de enfrentamento ao tráfico de drogas e de armas.
As mortes decorrentes da operação policial no complexo de favelas do Alemão (zona norte) já estão incluídas nas estatísticas divulgadas ontem. As ações começaram em maio e se intensificaram no dia 27 de junho, quando 19 pessoas foram mortas. No total, desde o início da operação, foram registradas pelo menos 45 mortes em suposto confronto com a polícia.
No Estado, dos 28 índices de criminalidade, que incluem as recuperações de veículos e as apreensões e prisões feitas pela polícia, houve queda em 23. O roubo de veículos caiu 13,7%.
As ocorrências de homicídio doloso passaram de 3.210 para 2.828, o que representa queda de 11,9%. Os registros de roubo a estabelecimentos comerciais diminuíram de 2.538 para 2.088, uma redução de 17,7%.
Miranda avaliou que era melhor divulgar um balanço parcial das ocorrências criminais do primeiro semestre do que não "divulgar nada". Segundo a diretora, o levantamento de dados das delegacias não informatizadas foi prejudicado pela ausência de digitadores, em razão da troca da empresa responsável pelo serviço.
Em sua opinião, é difícil avaliar o impacto da ausência de dados das 65 delegacias não informatizadas nas estatística. Cada região tem características próprias, afirmou.
Na cidade do Rio, apenas quatro delegacias não tiveram seus dados de maio e junho incluídos nas estatísticas.


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