São Paulo, sábado, 17 de julho de 2010

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Bala perdida mata garoto de 11 anos em escola do Rio

Menino foi atingido quando policiais militares faziam operação em favela

O aluno Wesley Guilber Rodrigues de Andrade, 11, foi baleado no tórax enquanto tentava se proteger dos tiros

Jadson Marques/Agência O Globo
Revoltados, moradores queimaram pneus em via próxima à escola onde menino estudava

DIANA BRITO
DO RIO

Wesley Guilber Rodrigues de Andrade, 11, morreu ontem de manhã após ser atingido no tórax por uma bala perdida. Ele assistia aula em uma sala do Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Rubens Gomes, em Costa Barros, zona norte do Rio.
Fora da escola, policiais militares faziam operação nas favelas Lagartixa, Pedreira, Terra Nostra e Quitanda, nas imediações do colégio, para apurar a presença de traficantes.
Assustado com o intenso tiroteio entre policiais e supostos traficantes, o menino tentou fugir para se abrigar no corredor, lugar mais protegido da escola. Ele ainda tinha um lápis na mão quando foi atingido pelo tiro.
Outras seis pessoas, que, conforme a policia, são suspeitas de ligação com o tráfico de drogas, foram mortas durante a operação policial.
"Quero meu filho de volta e isso eu não posso ter. Isso não pode estar acontecendo. Por que tiraram ele de mim?", disse a mãe do menino, Islaine Rodrigues do Nascimento, enquanto aguardava a liberação do corpo do estudante no IML (Instituto Médico Legal).

SOCORRO
Além de Wesley, pelo menos 30 crianças do 5º ano assistiam aula de matemática na sala. Quando o tiroteio começou, muitos alunos se jogaram no chão e permaneceram deitados.
Os vidros de várias janelas da escola foram estilhaçados pelos disparos.
As vítimas chegaram a ser levadas para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na zona norte da cidade.
Wesley foi levado para o hospital por duas professoras, no carro de uma delas.
Segundo educadores do Ciep, isso ocorreu por causa da demora do socorro.
A Secretaria Municipal de Educação informou que suspendeu as aulas no Ciep Rubens Gomes por tempo indeterminado.

PROTESTO
À tarde, cerca de 50 pessoas, na maioria mulheres e crianças, fizeram um protesto perto do Ciep. Eles queimaram pneus e pedaços de madeira, bloqueando a avenida José Arantes de Melo, a 100 m da escola.
A PM reforçou o policiamento e desfez a barreira.
O menino será velado e enterrado hoje cemitério de Irajá, na zona norte.
"Ele era muito inteligente, educado, brincalhão. Sempre dizia que seu sonho era usar uma farda um dia. Ele queria ser policial ou militar do Exército. Era um menino muito lindo", disse a madrasta da criança, Francisca Vânia Carvalho, 35.


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