São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Empresa cobra por água, café e escolha de assento

Webjet é a primeira a reduzir comissários; TAM corta café e leite nos voos

DE SÃO PAULO

Mais espartana das aéreas, a Webjet foi a primeira das grandes do país a cortar comissários dos aviões -e a mais radical ao enxugar (ou cobrar por) quase tudo, em troca de tarifas mais baixas.
O serviço de bordo é todo cobrado, inspirado em companhias americanas e europeias de baixo custo.
Quer um copo d'água? R$ 3, o dobro de qualquer lugar que não a tríade aeroporto/ restaurante/hotel de luxo.
Escolher o assento, que é travado para não reclinar, custa R$ 5 ou R$ 10. Quem não paga é acomodado aleatoriamente.
Como resultado de uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro, a Justiça deu até agosto para a Webjet parar de cobrar por assento.
Líder da categoria no país e com fama de não fazer concessões no serviço de bordo, a TAM aderiu à redução no atendimento, ainda que de maneira mais discreta.
Desde junho, a companhia, sem informar aos passageiros, excluiu o cafezinho e o leite nos voos que saem depois das 9h30.
O carrinho de bebidas, agora, passa uma única vez. Bis, só para o passageiro que pedir; os comissários deixaram de oferecer o que chamam de "repasse".
O supervisor comercial Rodrigo Peixoto, 35, que voa toda semana entre Belo Horizonte e São Paulo, notou. "Pedi um café num voo logo depois do almoço. A comissária ficou de ver. Ela saiu e não voltou mais."

BAIXO CUSTO
A Gol, que nasceu com conceito de baixo custo, mantém venda a bordo em 84 dos 900 voos -o plano é ampliar o serviço para 400 voos até o o final do ano.
Diferentemente da Webjet, a companhia dá água e suco grátis mesmo quando pratica a venda a bordo.
Nesses voos, anuncia-se o cardápio pago; o gratuito só passa se der tempo -e não é anunciado aos passageiros.
Até alguns meses atrás, a empresa dava também refrigerante, até um advogado que havia pago R$ 5 pela bebida perceber que, depois, os comissários passavam com um carrinho a oferecendo de graça aos passageiros.
O passageiro evocou o Código de Defesa do Consumidor e se disse enganado. Um dos comissários a bordo quase apanhou. A Gol mudou o procedimento e cortou o refrigerante grátis nos voos com venda a bordo.
"O mercado está interessado em pagar pouco e ter menos serviços não essenciais. As companhias se ajustam a isso", afirma André Castellini, sócio da Bain & Company, consultoria de aviação.

INFORMAÇÃO
Para Maria Inês Dolci, ao diminuir o serviço, a empresa deveria diminuir proporcionalmente o preço. "E, mesmo que o faça, o passageiro tem que ser informado", diz ela, coordenadora da Proteste (associação de defesa do consumidor) e colunista da Folha.
Leonardo Souza, do sindicato dos aeronautas, critica a sobrecarga e o acúmulo de função dos comissários, obrigados a se preocupar com o comércio em voo em detrimento da segurança do voo e dos passageiros.
Há cerca de 20 mil comissários em atividade no país. (RICARDO GALLO)


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