São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Após 5 h de negociação, empresário é solto

Caio Guatelli/Folha Imagem
O empresário José Reina, 58 (à dir.), é amparado por PM


José Reina, 58, seqüestrado em São Bernardo do Campo (Grande SP), ficou 29 dias no cativeiro na zona sul de São Paulo

Policiais militares acharam o local durante uma batida em busca de traficantes; um seqüestrador foi morto e dois acabaram presos


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de 29 dias seqüestrado e uma negociação tensa de mais de cinco horas entre a polícia e os seqüestradores, o empresário da construção civil José Fortes Reina, 58, de São Bernardo do Campo (Grande SP), foi libertado ontem em uma favela na zona sul de São Paulo.
Em uma batida em busca de pontos-de-venda de drogas na favela Vila Clara, região de Americanópolis, policiais acabaram descobrindo o cativeiro.
Na ação, que durou das 6h50 às 12h05 e mobilizou a elite das polícias Civil e Militar, um seqüestrador foi baleado numa troca de tiros com a PM e morreu a caminho do hospital. Seu nome não foi divulgado.
Outros dois seqüestradores -Antonio Correia da Silva, 28, e um jovem de 17 anos- foram presos após se renderem e soltarem o empresário. Nenhum tem passagem pela polícia.
Dentre as exigências para se entregar, pediram garantia de vida e a presença de advogados, policiais especializados em seqüestro e da imprensa -a equipe de TV Record acompanhou e filmou parte da negociação.
A polícia ainda procura por outros dois seqüestradores, que teriam conseguido fugir.
O cativeiro foi descoberto por acaso pela PM, que buscava traficantes em pontos-de-venda de drogas na região pela manhã. Uma pessoa em atitude suspeita havia corrido dos policiais, que o perseguiram.
Segundo os policiais, um homem que estava na sacada de um sobrado -o local do cativeiro- atirou contra eles. A PM revidou e matou o atirador.
Os criminosos que estavam dentro da casa ameaçaram então matar o refém. Os policiais chamaram reforços e mais de 30 carros de vários departamentos foram ao local.
Da Polícia Civil, participaram o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), o Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), o GER (Grupo Especial de Resgate) e a DAS (Divisão Anti-Seqüestro). Da Polícia Militar, foram acionados, além do grupo da área, a Força Tática, um helicóptero e a Tropa de Choque.
O delegado Antonio Assunção de Olim, da DAS, negociou a libertação do refém diretamente com os seqüestradores.
No sobrado de alvenaria, foram encontrados uma pistola automática, um revólver, uma faca, um carregador de metralhadora e oito bananas de dinamite -que durante as negociações os bandidos ameaçaram utilizar para explodir o cativeiro caso houvesse invasão.
"Nunca havia visto dinamites em cativeiros. Não sei o que eles pretendiam com essas bananas, por isso vamos apurar", disse o delegado, que irá investigar se os criminosos têm ligação com alguma facção.
"Apesar de não serem experientes em seqüestro, eles eram perigosos. Durante a negociação, a vítima ficou sob a mira de armas", disse Olim, que informou que seis seqüestros ainda estão em andamento no Estado -sendo dois na capital.
Dono de empresa de construção no ABC, Reina foi seqüestrado na manhã do dia 18 de julho, quando ia ao trabalho.
No dia 9 de agosto ele fez aniversário no cativeiro. A família havia registrado seu desaparecimento na Dise (Divisão de Investigações sobre Entorpecentes), em São Bernardo do Campo, que também cuida de solucionar seqüestros.
Segundo o delegado da Dise, Waldir Antonio Covino Jr., o contato dos seqüestradores com a família da vítima estava sendo monitorado. Os criminosos chegaram a exigir R$ 4 milhões. O último valor para o resgate ficou em R$ 1 milhão, mas não foi pago.
Covino Jr. afirmou que os criminosos eram "um pouco amadores". Exemplo disso é o fato de os comparsas que fugiram terem procurado a família ontem, mesmo após a libertação do empresário, para abaixar o preço do resgate.
"Ligaram para o filho do empresário e pediram R$ 150 mil para soltar a vítima", contou.


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