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Cidades se mobilizam para mudar traçado do trem-bala
Principais queixas dos municípios são em relação a impactos ambientais e urbanísticos
São José dos Campos é principal foco de resistência; UFRJ diz que trilhos cortam área que está reservada para a expansão do campus
Flavio Pereira/"Valeparaibano"
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Banhado, área de preservação ambiental em São José dos Campos, onde deve passar o trem-bala que ligará SP e Rio
ALENCAR IZIDORO
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na vizinhança, a promessa de
um trem-bala monopoliza as
atenções. Alguns ansiosos para
viajar a São Paulo ou ao Rio numa velocidade de 350 km/h.
Outros com medo de ter suas
casas isoladas pelo muro ou
cercas do empreendimento -e
longe de qualquer estação.
Com tanto bafafá, José Carlos Cescon resolveu vasculhar
sozinho, na internet. "Você não
imagina meu susto. A obra passa bem em cima do clube", afirma ele, gerente do Thermas do
Vale, ponto de lazer com 8.000
associados em São José dos
Campos (a 97 km de SP) e que
está lá há mais de uma década.
A divulgação no site oficial
www.tavbrasil.gov.br do traçado de referência do trem-bala para interligar Campinas, SP
e Rio já mobiliza moradores e
donos de terra que temem ser
afetados no trajeto de 511 km.
Os questionamentos vão das
desapropriações aos impactos
ambientais e urbanísticos.
O projeto do governo federal
é estimado em R$ 34,6 bilhões
e prometido para 2014, ano de
Copa do Mundo no Brasil.
Um dos principais focos de
resistência é São José dos Campos, onde políticos adversários
(do PSDB ao PT) se uniram
num mesmo lobby: fazem
questão da presença do TAV
(Trem de Alta Velocidade, nome técnico do trem-bala) por
lá, mas num traçado diferente.
Na última sexta, encaminharam um pedido oficial de mudança ao governo Lula (PT)
-cujos técnicos ressalvam que
a proposta divulgada não é a final, mas só uma referência.
A ressalva de maior apelo é a
ambiental: a obra passa em cima de um cartão-postal conhecido como concha do Banhado,
uma área de proteção. "O pulmão de São José dos Campos",
diz Marcelo Guedes, dirigente
da Associação de Engenheiros
e Arquitetos do município.
O traçado também atinge
imóveis de classe média e contorna condomínios de alto padrão, que temem ficar isolados.
No Rio, a maior reação partiu
da UFRJ (Universidade Federal do Rio). Motivo: pela proposta, os trilhos passariam entre o Centro de Letras e Arte e o
Centro de Tecnologia Mineral,
no campus da ilha do Fundão,
na zona norte da cidade.
O reitor Aloísio Teixeira afirma que o trem comprometeria
os projetos de expansão previstos no Plano Diretor 2020, homologado pelo MEC.
No último dia 6, o Conselho
Universitário aprovou uma
moção desautorizando qualquer intervenção no campus.
Teixeira considerou exíguo o
período de consulta popular
(de 24 de julho até 17 de agosto
de 2009). "A impressão que dá
é que não se quis fazer uma discussão verdadeira."
O estudo do trem-bala (preparado por uma consultoria
britânica antes da licitação,
prevista para este semestre) estima que 90% do trajeto de superfície, de 312 km, seja bloqueado por cercas e arame farpado. O restante, com muro
dentro da área urbana.
Os gastos para adquirir terras, indenizar e reassentar 618
famílias ultrapassam R$ 2,26
bilhões -suficiente para construir 10 km de metrô (tamanho
da linha 2-verde em SP).
A previsão é que 18% do traçado total seja de túneis -que
somam 31% do custo da obra.
Porém, a solicitação em lugares que são alvo do trajeto, como São José dos Campos e
Campinas, é justamente para
que a circulação seja subterrânea -o que deve encarecer ainda mais os custos.
"Queremos evitar a criação
de uma barreira geográfica",
diz Hélio de Oliveira Santos
(PDT), prefeito de Campinas.
Colaborou a Sucursal do Rio
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