São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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Acidente com bonde em Santa Teresa mata um e fere sete no Rio

Veículo foi atingido por um táxi quando subia a ladeira; sem controle, bondinho desceu de ré e bateu em um ônibus

Mulher morreu ao tentar saltar do bonde e ser prensada pelo ônibus; dois passageiros se feriram com gravidade

Ana Branco/Agência O Globo
Moradores do bairro de Santa Teresa, onde ocorreu o acidente, protestam contra a suposta falta de segurança dos bondes

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Um acidente com um dos tradicionais bondes de Santa Teresa, centro do Rio, matou uma mulher e deixou sete feridos no início da tarde de ontem. O bonde se chocou com um táxi quando subia a ladeira da rua Pascoal Carlos Magno. Sem controle, desceu a rua até bater num ônibus que vinha atrás.
Andreia de Jesus Rezende, 29, tentou pular do bonde na batida e morreu, prensada pelo ônibus. Duas pessoas ficaram em estado grave e cinco tiveram ferimentos leves.
Entre os passageiros -cerca de 30 pessoas, segundo o motorista Gilmar Silvério de Castro-, havia cinco estrangeiros. "Ninguém estava pendurado, o bonde não estava cheio. Se ela não tivesse pulado, ninguém ia se machucar", disse.
Castro é motorista dos bondes de Santa Teresa há 26 anos. Desde a troca de parte da frota dos bondes, reformados há cerca de dois anos, ele diz que se sente "menos seguro".
"O freio [dos bondes restaurados] é muito vulnerável", afirma. "Fica na frente, exposto. O bonde antigo tem freio de ar e de mão. Se um falhar, tem o outro. No novo, não tem isso", explica o motorista. "Como é que eu vou parar o bonde, com uns 11 mil quilos, na descida, sem nada?"
A Amast (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa) havia divulgado uma nota na véspera do acidente alertando para a suposta falta de segurança dos novos bondes.
A entidade move uma ação na Justiça Federal pedindo que os bondes sejam tirados de circulação até que problemas técnicos sejam reparados.
De acordo com a vice-presidente da Amast, Juçara Braga, um acidente idêntico ao de ontem ocorreu no dia 10, sem vítimas. Nos dois casos o freio automático teria falhado e os motorneiros tiveram dificuldade para parar os veículos.
Segundo o diretor de engenharia da Secretaria Estadual de Transportes, Fábio Tepedino, os freios estão em acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Para ele, o problema é o trânsito cada vez mais intenso.
"Os ônibus andam em alta velocidade, as ruas são estreitas e há muitos táxis", afirma. Desde o início do ano, o bairro tem sete bondes restaurados -quatro estão em circulação e três em teste -, além de dois veículos antigos.
No último mês, a secretaria registrou 70 mil pagantes, o maior público desde 2005.
Morador de Santa Teresa há 43 anos, Paulo Batista ouviu, de dentro de casa, quando o bonde bateu no ônibus. Ele conta que, há pouco tempo, "testou" os bondes reformados, mas não gostou. "O antigo me parece mais seguro", diz.


Colaborou ANDRÉ ZAHAR


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