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Corregedoria liga chefe da Polícia Científica a fraude em concurso
Investigação conclui que prova para fotógrafo foi fraudada com a participação de Celso Perioli
Folha revelou no final de 2009 que candidatos ligados a funcionários do IC foram aprovados de forma irregular
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
A Corregedoria da Polícia
Civil de SP confirmou que
houve fraude no concurso
público para contratação de
fotógrafos para o IC (Instituto
de Criminalística) e que as irregularidades tiveram participação do chefe da Polícia
Científica, Celso Perioli.
Conforme a Folha revelou
no final do ano passado, candidatos ligados a funcionários do IC foram aprovados irregularmente num concurso
que teve 17,6 mil inscritos.
Após a reportagem, o secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, anulou a
segunda fase do concurso.
Mesmo não respondendo
a grande parte das questões
da prova oral, eles foram selecionados com altas notas
entre os 128 aprovados.
Os nomes de três deles foram registrados pela Folha
em cartório oito dias antes de
o "Diário Oficial" divulgar a
lista de aprovados.
Na época, a Folha revelou
-com base em funcionários
que participaram do concurso- que uma senha irregular
guiava a fraude.
São notas de "A" a "C" que
foram registradas clandestinamente durante uma entrevista secreta realizada minutos antes da prova oral.
Essa anotação era feita no
verso do prontuário do candidato e encaminhado para a
banca de teste. O grau de dificuldade das perguntas e até
as notas eram baseados nessas notas. Um "A" significava ser um amigo ou parente.
Um "C" era a senha para pessoal "sem perfil".
Os concorrentes "altamente recomendados", como
aqueles registrados pela reportagem em cartório, tinham um "A+" e aprovação
praticamente garantida.
Cruzamento feito pela Corregedoria revelou que 75 concorrentes receberam nota
"A+". Desses, 95% deles foram aprovados. Por outro lado, 164 receberam nota "C":
apenas 8% passaram.
A Corregedoria confirmou
a existência dessas senhas
nos testes de todos os 343
candidatos submetidos à entrevista. Desse total, 25% foram anotados por Perioli.
Procurado, Perioli, que
continua como chefe da Polícia Científica, não quis falar.
Além dele, outros quatro
policiais são citados como
envolvidos no caso.
O então diretor do IC, José
Domingos Moreira das Eiras,
é um deles. Ele perdeu o cargo após a Folha revelar a
fraude -um parente dele estava entre os beneficiados.
No documento enviado à
Promotoria, a Corregedoria
confirma a existência da
fraude, recomenda o cancelamento da fase do concurso,
mas não indicia ninguém
-apesar de citar os nomes
dos envolvidos.
A Folha apurou que caberá aos promotores o indiciamento (acusação formal) de
parte da banca.
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