São Paulo, Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999
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EPIDEMIA
Doença transmitida por cães já matou 2 este ano em SP; 19 estão contaminados
SP tenta evitar avanço de leishmaniose

EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em São José do Rio Preto

O avanço da leishmaniose visceral em São Paulo levou a Secretaria da Saúde a ampliar o programa de combate para evitar uma explosão da doença.
Será iniciado no mês que vem um levantamento sobre o estado dos cães em 216 municípios, dentro de um raio de 150 quilômetros a partir de Araçatuba (532 km a noroeste de São Paulo).
A cidade, por onde a doença entrou no Estado, é o ponto de referência porque é o pólo de uma epidemia que já contaminou 19 pessoas, matou duas e levou ao sacrifício mais de 3.000 cães este ano.
A área ampliada de investigação abrange importantes centros urbanos, como Presidente Prudente, Bauru e São José do Rio Preto. Nas duas últimas cidades já foram detectados casos isolados de leishmaniose visceral em cães este ano.
O programa será desenvolvido em parceria com os municípios, segundo o superintendente estadual da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), Luiz Jacintho da Silva.
Sem revelar o volume de investimento, Silva disse que o programa tende a ser permanente. "Mesmo que um dia não haja mais casos humanos, a meta é manter o controle."
A idéia é fazer o que já vem sendo feito em Araçatuba desde o final do ano passado: a partir da coleta de sangue de cachorros, o Instituto Adolfo Lutz da capital realiza exames sorológicos e descobre se o animal está doente.
Na zona urbana, o cão serve de reservatório para o mosquito transmissor, o Lutzomyia longipalpis. O mosquito transmite a doença depois de picar um animal contaminado.
De 19 pessoas que contraíram a doença este ano no Estado, 18 são de Araçatuba e uma de Birigui. Duas morreram, uma criança e um adolescente.
Dos 17 sobreviventes, 15 são crianças. Dez delas continuam em tratamento. Existem outros 273 casos suspeitos em humanos na cidade. Por recomendação do Ministério da Saúde, todo cão doente tem de ser sacrificado. A eutanásia é feita com uma injeção de cloreto de potássio.
Em um ano, a doença se espalhou para 23 municípios da região noroeste do Estado. De cada cem cães examinados, 13 estão doentes, segundo a DIR-6 (Direção Regional de Saúde).
Só em Araçatuba, desde outubro, foram colhidas amostras de sangue de 24.320 animais para exames. Foram sacrificados 3.157, incluindo cães de rua.


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