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SEGURANÇA
No Estado, 7% dos investigados são punidos
Denúncia de corrupção afeta mais a polícia do Rio, afirma pesquisa
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Um estudo do Cesec (Centro de
Estudos de Segurança e Cidadania) com base em dados das ouvidorias de cinco Estados mostra
que a polícia do Rio é a mais denunciada por corrupção e a que
menos pune os investigados.
Entre as Polícias Militares do
Rio, de São Paulo e do Rio Grande
do Sul, a PM fluminense é a que
mais mata: no Rio, a taxa de civis
mortos pela PM era de 3,5 por 100
mil habitantes em 2001. Em São
Paulo, era de 1,6. No Rio Grande
do Sul, de 0,2.
Ao mesmo tempo, a PM fluminense sofre mais homicídios: enquanto em 2001 a taxa no Rio era
de 27,3 por 10 mil policiais, em
São Paulo era de 15,6, e de 1,6 no
Rio Grande do Sul.
No total, o Cesec coletou dados
do Rio, de São Paulo, do Rio
Grande do Sul, do Pará e em Minas, mas só os três primeiros traziam dados sobre mortes de PMs
e praticadas por eles. Os números
dizem respeito a períodos variados, de acordo com o tempo de
existência de cada ouvidoria.
No Rio, as denúncias de corrupção representam 29,9% do total
entre março de 1999 e março de
2002. A seguir, vêm denúncias de
violência (24,3%). Em São Paulo,
25,6% das denúncias são de violência policial, seguidas de críticas
à qualidade do policiamento. Em
Minas, abuso de autoridade
(55,8%) e violência (15,2%) são as
queixas mais comuns.
"Essas denúncias variam de
acordo com as tradições locais.
No Pará, por exemplo, há um histórico de grupos de extermínio,
de uma polícia mais violenta. No
Rio, o jogo do bicho e o crime organizado fizeram surgir a corrupção", afirma a antropóloga Ana
Paula Mendes de Miranda, uma
das autoras do estudo.
Os pesquisadores descobriram
que, no geral, as denúncias encaminhadas pelas ouvidorias às corregedorias internas das polícias
resultam em pequeno número de
punições para os policiais.
Dessas denúncias, em São Paulo
foi registrado o maior percentual
de punições administrativas:
26%. O Rio teve a menor: 7,4%.
As ouvidorias dizem não ter condições de acompanhar se o policial foi levado à Justiça.
A coordenadora da pesquisa, a
socióloga Julita Lemgruber, é integrante da equipe de segurança
do candidato do PT à Presidência,
Luiz Inácio Lula da Silva.
Ela defendeu uma mudança na
Constituição para que as ouvidorias possam investigar as denúncias, e não apenas recebê-las.
Governo
A governadora do Rio, Benedita
da Silva (PT), disse que a maior
parte da polícia é honesta, mas
que o Estado tem sido vítima da
corrupção policial.
"Não podemos nos entregar à
hipocrisia e fechar os olhos para
as evidências que dão conta de
corrupção em nosso aparato policial", afirmou.
Ela defendeu a ampliação dos
controles externos da polícia e citou como exemplo a Corregedoria Geral Unificada, que investiga
denúncias contra policiais.
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