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MORTE NOS JARDINS
Rogério Fasano, dono do apartamento onde Andrea Carta estava, diz que ele ameaçou se jogar e perdeu o equilíbrio
Editor da "Vogue" morre ao cair do 5º andar
DA REPORTAGEM LOCAL
Andrea Carta, diretor da Carta
Editorial, que publica a revista
"Vogue", morreu na madrugada
de ontem após queda do 5º andar
de um prédio nos Jardins, na zona
oeste de São Paulo. Ele tinha 44
anos. Carta estava no apartamento de seu amigo de infância Rogério Fasano, 41, dono de um hotel
recém-inaugurado e de dois restaurantes, o Gero e o Fasano
-um dos mais famosos do país.
A delegada Ana Lúcia Junqueira, plantonista do 78º DP (Distrito
Policial), disse que Fasano contou
informalmente que Carta chegou
embriagado ao seu apartamento,
na rua Sarandi, e que começaram
a discutir. Fasano disse que iria
embora, e Carta ameaçou pular
da janela. Desequilibrou-se, caiu,
mas conseguiu se agarrar no aparelho de ar-condicionado. Fasano
relatou à delegada que tentou resgatá-lo usando uma manta como
corda, mas não conseguiu.
As discussões entre Carta e Fasano haviam começado horas antes, no bar do restaurante Fasano,
um dos mais sofisticados de São
Paulo. Continuaram no restaurante. Eles participavam de uma
reunião de trabalho com o jornalista Nirlando Beirão e o diretor
de arte Ehr Ray.
Fasano contou à delegada que
Carta, já alcoolizado, reclamava
que ele não lhe dava mais atenção
depois da abertura do hotel, ocorrida há uma semana.
O empresário disse à delegada
que decidiu ir para casa. Queria
evitar que a discussão gerasse
constrangimento no restaurante.
Depois disso, Carta apareceu no
apartamento do amigo.
Mais discussões
Pelo interfone, Fasano autorizou a sua subida. Começou uma
segunda rodada de discussões, segundo a versão do empresário.
Fasano disse que iria dormir no
seu hotel caso Carta insistisse em
ficar no apartamento.
Foi então que Carta ameaçou
saltar do quinto andar, sempre segundo o relato informal de Fasano à delegada. O jornalista teria
subido em um pufe, se apoiado
no parapeito do lado de fora do
prédio e perdido o equilíbrio.
Carta caiu e morreu antes da chegada do resgate médico.
O porteiro da noite, José Gonçalves da Silva, 54, disse à Folha
não ter ouvido a discussão entre
os dois; só escutou o baque provocado pela queda do corpo.
A delegada disse que não havia
sinais de briga no apartamento
após a morte de Carta. "Não havia
nenhum indício de violência que
possa determinar outra teoria que
não o suicídio", afirmou.
Para Junqueira, se é difícil apurar "objetivamente" o que teria
provocado a queda de Carta, é
praticamente certo que houve
"descontrole": "A informação
que a gente tem é que eles seriam
amigos há muitos anos, e o distanciamento causado por motivos profissionais gerou um conflito por parte da vítima".
Bebida e "nervosismo excessivo" podem ter precipitado a queda, na interpretação da delegada.
Exames
O corpo do jornalista apresentava "politraumatismo", segundo a
Folha apurou no IML (Instituto
Médico Legal), mas não tinha sinais de violência.
Amostras de tecidos do estômago, do fígado e do intestino foram
recolhidas para a realização de
exames. Eles devem apontar se
Carta havia tomado bebida alcoólica, consumido drogas ou ingerido medicamentos e se ele tinha algum problema de saúde.
Ontem, a delegada determinou
que Fasano passasse por exame
de corpo de delito no IML. A intenção era apurar se o empresário
teria algum tipo de ferimento.
A delegada Elisabete Sato, titular do 78º DP e responsável pelo
inquérito que apura a morte, não
descarta nenhuma possibilidade.
"Não posso afirmar que foi suicídio nem posso descartar a possibilidade de ter havido um homicídio", disse. Ela também avalia a
hipótese de ter ocorrido uma queda acidental de Carta.
Todas as testemunhas dos encontros de ontem entre Carta e
Fasano deverão ser ouvidas pela
polícia. Ontem, apenas um porteiro do hotel prestou depoimento. Outros funcionários do estabelecimento eram esperados à
tarde, mas não compareceram.
Eles trabalham à noite e têm folga
durante o dia.
As famílias Carta e Fasano divulgaram uma nota conjunta à
imprensa em que lamentam a "fatalidade ocorrida".
O corpo de Andrea Carta foi enterrado ontem, por volta das 17h,
no Cemitério São Paulo, em Pinheiros (zona oeste).
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