São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2005

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A LUTA CONTINUA

Estudantes de Salvador criticam o reajuste de 46,7% nos ônibus

Alunos voltam às ruas contra tarifa

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Cerca de 2.000 estudantes (de acordo com a Polícia Militar) voltaram às ruas de Salvador ontem pela manhã e à tarde para protestar contra o reajuste de 46,7% na tarifa do transporte coletivo.
O reajuste foi concedido pela 4ª Vara da Justiça Federal, a pedido do Seteps (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador). A passagem passou de R$ 1,50 para R$ 2,20.
Apesar da autorização concedida pelo juiz Waldemar Ferreira Martinez, todos os 2.200 ônibus que compõem a frota de Salvador circularam ontem com a tarifa antiga. O protesto foi pacífico. Ruas e avenidas do centro ficaram completamente congestionadas.
Também houve manifestação na avenida Luís Viana Filho, a principal ligação entre o centro e o aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães.
Pela manhã, a PM deteve três manifestantes, mas todos foram liberados antes de chegar à delegacia. À tarde, a Prefeitura de Salvador informou que recorreu da decisão da Justiça e ameaçou cassar a licença das empresas que reajustarem a tarifa antes do julgamento da ação.
A manifestação começou por volta das 9h30, quando os primeiros estudantes dos ensinos fundamental e médio chegaram ao Campo Grande (centro).
Com faixas e cartazes, os líderes do movimento discursaram pedindo a suspensão do aumento.
No final da administração de Antonio Imbassahy (PFL), o Seteps também conquistou na Justiça o direito de reajustar as tarifas, mas o aumento foi cancelado depois que o ex-prefeito ameaçou cancelar as licenças das empresas que estabelecessem o novo preço.
À tarde, convocados pela Abes (Associação Brasileira de Estudantes), alunos matriculados nas principais universidades da capital baiana também aderiram à manifestação.
Às 15h, a PM isolou a Câmara de Salvador para impedir que cerca de 250 estudantes invadissem os gabinetes dos vereadores. Ao mesmo tempo, 120 manifestantes bloquearam o trânsito na avenida San Martin.

Dívidas
O presidente do Seteps, Horácio Brasil, disse que a entidade recorreu à Justiça porque há dois anos as tarifas estão congeladas.
De acordo com Brasil, as empresas já demitiram cerca de 500 funcionários (de um total de 13 mil) porque não conseguem pagar suas dívidas. Quatro faliram, segundo informações do Seteps.
Há quase dois anos, estudantes de Salvador iniciaram um protesto nacional contra o aumento de tarifas. Durante quase dez dias, dezenas de ônibus foram depredados. As empresas não conseguiram colocar seus veículos nas ruas -os estudantes montaram barreiras.
Com o crescimento do apoio popular à reivindicação da categoria, a Prefeitura de Salvador congelou o preço da passagem até setembro do ano passado. Após o vencimento da data estabelecida pela administração municipal, o ex-prefeito Imbassahy manteve o congelamento até o final de sua administração.
O secretário dos Transportes Urbanos de Salvador, Nestor Duarte, confirmou que o preço das tarifas deverá sofrer um reajuste. No entanto, disse que os técnicos ainda não definiram o percentual.
Na ação, o Seteps alega que o preço médio do diesel em Salvador passou de R$ 1,20 para R$ 1,48 em dois anos.


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