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A LUTA CONTINUA
Estudantes de Salvador criticam o reajuste de 46,7% nos ônibus
Alunos voltam às ruas contra tarifa
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Cerca de 2.000 estudantes (de
acordo com a Polícia Militar) voltaram às ruas de Salvador ontem
pela manhã e à tarde para protestar contra o reajuste de 46,7% na
tarifa do transporte coletivo.
O reajuste foi concedido pela 4ª
Vara da Justiça Federal, a pedido
do Seteps (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros
de Salvador). A passagem passou
de R$ 1,50 para R$ 2,20.
Apesar da autorização concedida pelo juiz Waldemar Ferreira
Martinez, todos os 2.200 ônibus
que compõem a frota de Salvador
circularam ontem com a tarifa antiga. O protesto foi pacífico. Ruas
e avenidas do centro ficaram
completamente congestionadas.
Também houve manifestação
na avenida Luís Viana Filho, a
principal ligação entre o centro e
o aeroporto Deputado Luís
Eduardo Magalhães.
Pela manhã, a PM deteve três
manifestantes, mas todos foram
liberados antes de chegar à delegacia. À tarde, a Prefeitura de Salvador informou que recorreu da
decisão da Justiça e ameaçou cassar a licença das empresas que
reajustarem a tarifa antes do julgamento da ação.
A manifestação começou por
volta das 9h30, quando os primeiros estudantes dos ensinos fundamental e médio chegaram ao
Campo Grande (centro).
Com faixas e cartazes, os líderes
do movimento discursaram pedindo a suspensão do aumento.
No final da administração de
Antonio Imbassahy (PFL), o Seteps também conquistou na Justiça o direito de reajustar as tarifas,
mas o aumento foi cancelado depois que o ex-prefeito ameaçou
cancelar as licenças das empresas
que estabelecessem o novo preço.
À tarde, convocados pela Abes
(Associação Brasileira de Estudantes), alunos matriculados nas
principais universidades da capital baiana também aderiram à
manifestação.
Às 15h, a PM isolou a Câmara de
Salvador para impedir que cerca
de 250 estudantes invadissem os
gabinetes dos vereadores. Ao
mesmo tempo, 120 manifestantes
bloquearam o trânsito na avenida
San Martin.
Dívidas
O presidente do Seteps, Horácio
Brasil, disse que a entidade recorreu à Justiça porque há dois anos
as tarifas estão congeladas.
De acordo com Brasil, as empresas já demitiram cerca de 500
funcionários (de um total de
13 mil) porque não conseguem pagar suas dívidas.
Quatro faliram, segundo informações do Seteps.
Há quase dois anos, estudantes de Salvador iniciaram
um protesto nacional contra o
aumento de tarifas. Durante
quase dez dias, dezenas de
ônibus foram depredados. As
empresas não conseguiram
colocar seus veículos nas ruas
-os estudantes montaram
barreiras.
Com o crescimento do
apoio popular à reivindicação
da categoria, a Prefeitura de
Salvador congelou o preço da
passagem até setembro do
ano passado. Após o vencimento da data estabelecida
pela administração municipal, o ex-prefeito Imbassahy
manteve o congelamento até
o final de sua administração.
O secretário dos Transportes Urbanos de Salvador, Nestor Duarte, confirmou que o
preço das tarifas deverá sofrer
um reajuste. No entanto, disse
que os técnicos ainda não definiram o percentual.
Na ação, o Seteps alega que
o preço médio do diesel em
Salvador passou de R$ 1,20
para R$ 1,48 em dois anos.
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