São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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Nível de conforto no Brasil é inferior ao de países europeus

Frota de ônibus e metrô no país é projetada para ter até 6 passageiros por m2, contra 4 por m2 em outros lugares

Na linha 3 de São Paulo, superlotação supera limite; especialista diz que alguns asiáticos também calculam aperto maior de usuários

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

Os veículos do transporte coletivo são projetados no Brasil para serem usados com um nível de conforto inferior ao dos principais países da Europa.
Os cálculos utilizados para definir a frota de uma linha de ônibus ou metrô em São Paulo consideram uma concentração de até 6 passageiros por m2.
Já países como a França costumam seguir referências internacionais para que haja 4 passageiros por m2, diz Peter Alouche, especialista que trabalhou mais de três décadas na Companhia do Metropolitano.
Segundo ele, alguns países asiáticos adotam por vezes parâmetros como os do Brasil.
Na prática, a condição de aperto dos passageiros paulistanos é ainda maior do que os limites de conforto fixados.
A linha 3-vermelha do Metrô, por exemplo, registra 8,5 passageiros por m2 nos picos. A linha 1-azul, 6,4 por m2.
No intervalo de dois anos, a rede metroviária ganhou mais de 300 mil e os ônibus, mais de 500 mil usuários por dia.
"O desconforto é total", afirma Rodrigo Barbosa, 27, empresário que também é adepto das viagens negativas (em sentido oposto ao seu destino) em busca de vagões mais vazios e que é categórico ao dizer que a superlotação é a principal deficiência do metrô paulista.
"Eu me sinto numa lata de sardinha, às vezes não dá nem para me mexer", diz a operadora de caixa Rafaela Anjos, 21.
Peter Alouche conta que a referência técnica do Metrô de São Paulo para definir a quantidade de bancos de um trem costuma ser de 20% dos passageiros transportados -nos novos, iguais aos da linha 2-verde e aos 33 que serão comprados até 2010, esse índice é de 17%.
Já na França e Alemanha, são freqüentes as regiões que programam 30% dos usuários sentados -ou 40%, no interior.
Paris tem inclusive uma modalidade alternativa, com bancos flexíveis -para receber passageiros sentados só quando os vagões estão mais vazios.
Por outro lado, seus ônibus costumam fazer viagens curtas e, até por isso, têm muitas vezes menor proporção de assentos do que na capital paulista.
Na França, há veículos com lotação para 155 passageiros, que disputam 41 bancos.
A redução de assentos é vista como tendência para outros lugares com grande demanda.
Em um trem comum da Japan Railways, que administra linhas ferroviárias no Japão, por exemplo, há 50 bancos em um vagão comum. A lotação é de 200 pessoas em pé, mas, nos picos, esse número costuma pular para 400 -somente 11% dos passageiros sentados, menos do que as médias do transporte paulistano. (AI e LAS)


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