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Nível de conforto no Brasil é inferior ao de países europeus
Frota de ônibus e metrô no país é projetada para ter até 6 passageiros por m2, contra 4 por m2 em outros lugares
Na linha 3 de São Paulo, superlotação supera limite; especialista diz que alguns
asiáticos também calculam aperto maior de usuários
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
Os veículos do transporte coletivo são projetados no Brasil
para serem usados com um nível de conforto inferior ao dos
principais países da Europa.
Os cálculos utilizados para
definir a frota de uma linha de
ônibus ou metrô em São Paulo
consideram uma concentração
de até 6 passageiros por m2.
Já países como a França costumam seguir referências internacionais para que haja 4
passageiros por m2, diz Peter
Alouche, especialista que trabalhou mais de três décadas na
Companhia do Metropolitano.
Segundo ele, alguns países
asiáticos adotam por vezes parâmetros como os do Brasil.
Na prática, a condição de
aperto dos passageiros paulistanos é ainda maior do que os
limites de conforto fixados.
A linha 3-vermelha do Metrô, por exemplo, registra 8,5
passageiros por m2 nos picos. A
linha 1-azul, 6,4 por m2.
No intervalo de dois anos, a
rede metroviária ganhou mais
de 300 mil e os ônibus, mais de
500 mil usuários por dia.
"O desconforto é total", afirma Rodrigo Barbosa, 27, empresário que também é adepto
das viagens negativas (em sentido oposto ao seu destino) em
busca de vagões mais vazios e
que é categórico ao dizer que a
superlotação é a principal deficiência do metrô paulista.
"Eu me sinto numa lata de
sardinha, às vezes não dá nem
para me mexer", diz a operadora de caixa Rafaela Anjos, 21.
Peter Alouche conta que a
referência técnica do Metrô de
São Paulo para definir a quantidade de bancos de um trem
costuma ser de 20% dos passageiros transportados -nos novos, iguais aos da linha 2-verde
e aos 33 que serão comprados
até 2010, esse índice é de 17%.
Já na França e Alemanha,
são freqüentes as regiões que
programam 30% dos usuários
sentados -ou 40%, no interior.
Paris tem inclusive uma modalidade alternativa, com bancos flexíveis -para receber
passageiros sentados só quando os vagões estão mais vazios.
Por outro lado, seus ônibus
costumam fazer viagens curtas
e, até por isso, têm muitas vezes menor proporção de assentos do que na capital paulista.
Na França, há veículos com
lotação para 155 passageiros,
que disputam 41 bancos.
A redução de assentos é vista
como tendência para outros lugares com grande demanda.
Em um trem comum da Japan Railways, que administra
linhas ferroviárias no Japão,
por exemplo, há 50 bancos em
um vagão comum. A lotação é
de 200 pessoas em pé, mas, nos
picos, esse número costuma
pular para 400 -somente 11%
dos passageiros sentados, menos do que as médias do transporte paulistano.
(AI e LAS)
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