|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretário diz que só um hospital público de SP será terceirizado
Luiz Roberto Barradas, responsável pela Saúde no Estado, afirma que demais unidades antigas não serão geridas por entidade privada
Alvo de críticas feitas por defensores do SUS, projeto de lei que autoriza terceirização de toda a rede aguarda aval do governador José Serra
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
De todos os hospitais estaduais em funcionamento, o governo de São Paulo diz que só o
hospital Brigadeiro, na capital,
terá a direção transferida para
uma OS (organização social).
Segundo o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto
Barradas, o objetivo é rapidamente transformar o hospital
Brigadeiro num centro de
transplantes de rim e fígado.
"Só o Brigadeiro [terá a gestão transferida para uma OS].
Os demais hospitais vão continuar como estão [administrados diretamente pelo governo],
disse Barradas à Folha.
Além do Brigadeiro, ele quer
terceirizar a gestão dos laboratórios de exames que funcionam nos hospitais estaduais.
Assim, o secretário tenta diminuir as críticas ao projeto de
lei que permite que OSs assumam todos os hospitais estaduais, inclusive antigos. Hoje
só os novos podem ser terceirizados. De autoria do governo, o
texto foi aprovado pela Assembleia e depende do aval do governador José Serra (PSDB).
Sindicatos e entidades que
defendem o SUS (Sistema Único de Saúde) dizem que Serra
está privatizando a saúde. O
Conselho Estadual de Saúde
também condena o modelo.
Pelo sistema de OSs, o hospital e o dinheiro aplicado são do
Estado. Uma entidade privada
sem fins lucrativos fica responsável por toda a administração.
Segundo o governo, hospitais
geridos por OSs produzem
mais e custam menos, já que as
entidades privadas podem
comprar remédio sem licitação, contratar funcionário sem
concurso público e demitir
sem processo administrativo.
O modelo é adotado em São
Paulo desde 1998. Atualmente
25 hospitais funcionam assim.
"Preciso de uma OS porque
sozinho não consigo no curto
prazo transformar o hospital
Brigadeiro em centro de transplantes", afirmou Barradas.
O projeto aprovado pela Assembleia recebeu uma emenda
da deputada Maria Lúcia
Amary (PSDB) que permite aos
hospitais públicos geridos por
OSs separar 25% dos atendimentos a pacientes particulares ou com plano de saúde. A
proposta também é criticada.
Barradas afirmou que Serra
não sabe se sancionará ou vetará esse trecho, porque o texto
ainda não chegou às mãos do
governador. O secretário, porém, se disse favorável à ideia.
Segundo ele, não será repetido o "erro" do InCor e do Hospital das Clínicas, que têm "dupla fila" -uma rápida para os
planos de saúde e outra lenta
para o SUS. Para isso, só após o
atendimento é que o hospital
identificará se o paciente tem
convênio médico ou não. Em
caso positivo, o plano de saúde
terá de fazer o pagamento à OS.
Pelo sistema atual, o plano
deve ressarcir o SUS. "Mas o
valor pago ao SUS é muito baixo. Nem todas as operadoras
pagam. Aqui em São Paulo o dinheiro terá de ser pago à OS,
para aplicá-lo no hospital."
O secretário não sabe o motivo de constar, na emenda da
deputada tucana, o limite de
25% e a referência a pacientes
particulares. Ela não consultou
a secretaria para redigir o seu
texto. Barradas disse que é preciso analisar se é inconstitucional, como afirmam os críticos.
Texto Anterior: Rio: Confrontos entre PM e traficantes matam 6 Próximo Texto: Frase Índice
|